"Substância útil para certos doentes"

Bruno Maia, médico neurologista do Centro Hospitalar de Lisboa Central, explica porque a medida pode ser vantajosa
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O que defende exatamente?

Quero que haja mecanismos para que as pessoas que tenham indicação médica para serem tratadas com canábis o possam fazer. No atual quadro legal, isso não é possível.

E há evidência científica de que isso não tem contraindicações poderosas?

Todos os medicamentos têm contraindicações. Todos. Os que são legais e que são prescritos por médicos. A canábis tem contraindicações mas também tem indicações. Há pessoas e há doentes que beneficiam deste medicamento. Cabe ao médico e ao próprio doente decidirem se a canábis é ou não é a mais indicada para a sua situação clínica.

Se isso for legalizado em Portugal, como é que depois o nosso país ficava, comparando com os outros países europeus e fora da Europa?

A Holanda e a Alemanha já têm a marijuana medicinal disponível, nos EUA há 28 estados onde isto acontece, no Canadá também. Não existe hoje nenhuma dúvida científica de que isto é uma substância útil para determinados doentes. Não percebo porque é que isto não está disponível em Portugal, a não ser à luz de preconceito e desinformação.

E como é que ficaria a questão da produção ?

Portugal está a produzir canábis neste momento. E existem uma série de projetos para produção tendo em vista a exportação. Não faz sentido: pode-se produzir para não se poder prescrever para efeitos medicinais.

Para que terapia é que a canábis é recomendável?

A grande indicação da canábis é tratamento de sintomas. Tratamento de falta de apetite, vómitos, náuseas. E também como analgésico. Mas começa a haver evidência, em determinadas patologias - por exemplo, na epilepsia -, de que o tratamento com canábis diminui o número de crises.

E o mundo das farmácias está equipado para isto?

É só uma questão de importar os medicamentos com canábis produzidos lá fora.

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