Força Aérea alerta para atrasos na saída da base do Montijo
A Força Aérea está preocupada com o atraso na execução do plano que propôs para retirar as suas esquadras da base do Montijo - onde está prevista a construção do novo aeroporto civil - e reorganizar todo o seu dispositivo. Desde março que o ministro da Defesa tem no seu gabinete uma proposta com todo o planeamento, custos e impactos dessa operação, mas ainda não tomou a necessária decisão política. O gabinete de Azeredo Lopes alega que o projeto da Força Aérea "ainda está em análise".
Sem esta decisão e a respetiva aprovação em Conselho de Ministros, a Força Aérea alega que atrasará a sua saída do Montijo por não terem ainda sido realizadas as obras nas novas bases onde ficarão estacionadas as esquadras. A partir do momento em que se iniciem as obras no Montijo, avisa a FAP, haverá limitações à prontidão das suas aeronaves, nomeadamente as de busca e salvamento.
A contagem decrescente disparou a partir do momento em que a data de julho de 2019 foi avançada para início das obras, no programa que que a ANA-Aeroportos entregou ao governo em novembro de 2017. A Força Aérea já tinha entregue à tutela um anteprojeto, em abril desse ano, mas foi obrigada a adaptá-lo ao calendário da ANA e à nova missão de combate aos incêndios.
Este segundo documento é marcado por recorrentes apelos à necessidade da tomada de decisão política, com destaque para o impacto nas operações da esquadra EH-101, os helicópteros de busca e salvamento, segundo fontes militares que acompanham o processo. Nesta reavaliação, a Força Aérea salienta que os constrangimentos operacionais para a compatibilização militar e civil nas pistas da base, detetados logo no primeiro estudo, ainda se agravaram mais.
Uma "surpresa" que é assinalada é o facto de, no projeto da ANA, a pista principal (a 1/19) prever um desnível que pode chegar ao metro em meio, em relação ao restante pavimento. A Força Aérea explica que, a partir do momento em que de iniciarem as obras, helicópteros EH-101 deixam de ter pista para descolar.
Na sua proposta, os militares requerem o envolvimento e a orientação da tutela para uma célere decisão que minimize os impactos operacionais. É também sublinhada a necessidade de contactos "intensos" entre a FAP , a ANA e a NAV, que controla o tráfego aéreo.
No primeiro estudo era proposta a transferência de todos os meios aéreos militares da base do Montijo, mas este segundo admite que se mantenham nessa posição os C-130 e a futura frota KC390, os "gigantes" aviões de transporte. Mas para tal, frisa-se, será necessário resolver com a ANA o problema do desnivelamento das pistas.
À esquadra dos "Pumas" EH-101, vai juntar-se, em Sintra, a esquadrilha dos helicópteros da Marinha, os Linx Mk95, que asseguram o transporte, reconhecimento, busca e salvamento. A base de Beja receberá a esquadra 502, conhecida como "Elefantes", de aeronaves preparada para vigilância, evacuações médicas e igualmente busca e salvamento.
Esta readaptação do dispositivo da Força Aérea terá um custo estimado de 107 milhões de euros, menos 47 milhões de euros do que o orçamento da primeira proposta, apesar de agora estar incluída a referida nova capacidade para o combate aos incêndios, que o governo quer iniciar em 2019.