Marcelo em Vila Nova da Rainha: "tudo funcionou" no socorro às vítimas
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, agradeceu hoje a todas as "instituições intervenientes" que foram "inexcedíveis" na prestação do socorro após a explosão e incêndio em Tondela, no sábado, que provocaram oito mortos e, pelo menos 38 feridos. "Tudo funcionou", garantiu, em declarações aos jornalistas.
Logo que chegou a Vila Nova da Rainha, no concelho de Tondela, distrito de Viseu, Marcelo Rebelo de Sousa falou com o presidente da Câmara, José António Jesus, e com o comandante distrital de operações e socorro, a quem agradeceu.
O Chefe de Estado chegou ao local às 12:15, acompanhado pelo ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita.
"Em tão curto espaço de tempo, em situação difícil, foram excecionais todas, da saúde à proteção civil, passando pelo contributo da Força Aérea, pelas estruturas de socorro mais próximo ou mais distante, de transporte, de evacuação, tudo funcionou", argumentou o Presidente da República.
"Devo reconhecer a rapidez e a disponibilidade com que desde os deputados, aos autarcas, aqui estiveram, num momento muito difícil, logo aqui à noite, mas todos estiveram à altura das circunstâncias, numa situação daquelas que nós desejaríamos não ter ocorrido e que é muito dramática para quem aqui vive, porque são muitos dos seus familiares ou amigos atingidos, ou de localidades vizinhas e próximas", acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa.
O Presidente lembrou a resistência das gentes de Tondela, que em outubro tiveram de enfrentar a vaga de incêndios no país, e revelou que, segundo o presidente da câmara de Tondela, o que aconteceu foi tudo "muito rápido", mas que a associação recreativa tinha em dia todas as licenças.
A propósito da porta que não se abriu para deixar que as pessoas do piso de cima, onde terá começado o incêndio, saíssem do edifício, o presidente chegou a dizer que, de acordo com as informações que lhe foram transmitidas, ao lado da porta que não se abria havia outra, que "abria para fora. Mas, em pânico, as pessoas escolheram aquela".
"Como a [porta] que ficava em frente das escadas era a mais óbvia, a mais utilizada, e a outra normalmente estava fechada, aquela que podia ter dado saída para o piso que ficou praticamente incólume (o piso de baixo), não foi utilizada", contou.
Marcelo Rebelo de Sousa admitiu que "é fácil de dizer" que deveriam ter usado a outra porta mas, "quando as pessoas estão em pânico, é mais difícil de fazer".
O Presidente da República justificou ter-se deslocado hoje a Vila Nova da Rainha por entender que "este é um daqueles choques que são muito fundos na vida das pessoas".
Durante a visita às instalações, disse ter conseguido perceber "a posição das mesas, a localização das pessoas, da salamandra, da saída para as escadas" e que, mesmo havendo duas portas para sair, houve "uma aglomeração a pensar na porta que estava em frente e não na que estava à esquerda".
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, a parte que ardeu mais rapidamente foi o teto, o que "explica porque é que alguns dos feridos, para se protegerem da queda do teto, se queimaram nas mãos e na cara".
O Chefe de Estado disse ainda que tentará visitar as famílias das vítimas, mas respeitando "o recato deste momento, que é de vivência familiar", e também os doentes internados nos vários hospitais, hoje e nos próximos dias.
MAI expressa condolências
O ministro da Administração Interna (MAI) Eduardo Cabrita expressou hoje a solidariedade do Governo aos familiares das vítimas do incêndio. Numa intervenção, na manhã de hoje, durante a visita do Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa à localidade de Vila Nova da Rainha, onde se localiza a associação afetada pelas chamas, Eduardo Cabrita expressou solidariedade em nome do primeiro-ministro e do Governo "a toda a população tão duramente atingida pela tragédia".
O ministro lembrou que o incêndio que fez oito mortos e várias dezenas de feridos" sucedeu a acontecimentos também ainda não totalmente superados no concelho de Tondela e região" adjacente, numa referência aos incêndios florestais de 15 de outubro.
O governante disse ainda que na sequência do alerta para o incêndio na associação recreativa, foram "de imediato" acionados meios distritais e locais de bombeiros, proteção civil e serviços de saúde e outros da GNR e meios aéreos da Força Aérea e Instituto Nacional de Emergência Médica "essenciais para a evacuação dos feridos que estão ainda a ser assistidos em hospitais centrais".
"Foi feito aquilo que era possível fazer e que era devido fazer", frisou Eduardo Cabrita.
O MAI deixou ainda um compromisso de empenho no tratamento dos feridos, "sobretudo para aqueles que ainda estão a lutar pela vida em hospitais de Coimbra, do Porto, de Lisboa, aqueles que estão em pior situação".
"Esse empenho é pleno, sobretudo dos profissionais de saúde", disse Eduardo Cabrita, expressando ainda solidariedade para com os moradores de Vila Nova da Rainha - onde residiam quatro das oito vítimas mortais - e de localidades em redor "que terão de encontrar a força e a esperança para reerguer, com a capacidade de união e solidariedade que sempre tiveram".