"De Sousa, nós queremos a paz. Obrigado Portugal!"
Atravessar a capital da República Centro Africana (RCA) de carro envolve um grande risco de segurança, ainda para mais quando se trata de um Chefe de Estado. Mas na segunda-feira, com Marcelo Rebelo de Sousa, parte do percurso foi feito a pé e o que devia durar 15 minutos demorou mais de uma hora, disseram fontes presentes no local.
"Foi uma loucura", sintetizou um dos militares ouvidos ontem pelo DN sobre a curta visita realizada segunda-feira a Bangui pelo Presidente da República. "As pessoas ficaram maravilhadas, hoje não se fala de outra coisa", acrescentou ontem a mesma fonte, colocada numa das duas missões - a das Nações Unidas e a da UE, esta sob comando português - em que as Forças Armadas participam na RCA.
Marcelo Rebelo de Sousa, acompanhado pelo ministro da Defesa e por chefes militares mas sem a presença de jornalistas, concretizou ontem uma viagem de poucas horas à RCA, que problemas de segurança tinham inviabilizado ao longo de 2017. Recebido pelo homólogo, Faustin-Archange Touadéra, o Presidente quebrou o protocolo ao sair do carro para andar no meio da multidão, conforme se vê no filme disponibilizado pelo Palácio de Belém na noite de segunda-feira.
"Foi a primeira vez que alguém com um estatuto destes fez algo do género", transformando um percurso que se previa "demorar 15 minutos" num passeio "feito em mais de uma hora", assinalou uma das fontes, adiantando um pormenor que explica a forma calorosa como Marcelo foi recebido: "Beijinhos às crianças e mulheres e encosto de cabeça (um cumprimento tradicional) aos homens foram mais de mil."
Resultado: "Na rua todos gritavam De Sousa, De Sousa, nós queremos a paz. Obrigado Portugal!", descreveu este observador, concluindo que essa receção "foi um orgulho" para os militares portugueses - 159 capacetes azuis e 45 ao serviço da UE - destacados na RCA e que também impressionou os elementos dos restantes contingentes.
Segundo o filme colocado na página online da Presidência, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que os soldados portugueses "são os melhores militares do mundo, em terra, no ar e no mar, nas situações mais difíceis" e onde demonstram a sua "capacidade de resolução, de decisão, de intervenção, todos os dias, 24 horas por dia".
Protesto em Belém
Ontem de manhã, representantes de oito sindicatos e associações representativas dos profissionais da PSP, da GNR e das três categorias de militares das Forças Armadas entregaram um documento na Presidência da República sobre a questão do descongelamento das progressões remuneratórias dos associados.
O texto acusa o primeiro-ministro, António Costa, de "falta de autoridade" para fazer com que os ministérios da Administração Interna e da Defesa negoceiem a resolução daquela matéria, conforme indica a lei do Orçamento de Estado. Acresce que os signatários também "repudiam o tratamento diferenciado" dado pelos gabinetes às organizações sob sua tutela.