Costa defende fim da competição fiscal entre os países membros da UE

Secretário-geral do PS defendeu "mais e melhor Europa" para responder aos problemas dos cidadãos e vencer os inimigos da UE
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António Costa afirmou este sábado, em Lisboa, que o combate à evasão fiscal na Europa passa pelo fim da competição fiscal no interior da UE.

"Não podemos continuar a ter a competição ou dumping fiscal entre os nossos países e precisamos de mais Europa para acabar" com uma realidade que facilita a evasão fiscal das grandes fortunas e multinacionais, sublinhou o secretário-geral do PS.

António Costa intervinha na sessão de encerramento do Conselho do Partido Socialista Europeu, em que participaram figuras como os comissários europeus Pierre Moscovici, Vytenis Andriukaitis e Corina Cretu ou o líder trabalhista britânico, Jeremy Corbyn, entre outros.

"Os cidadãos [europeus] têm boas razões para se sentirem revoltados perante o aumento das desigualdades mas, se queremos combater a evasão fiscal, não o faremos bem ao nível de cada um dos Estados isoladamente", sublinhou António Costa.

Fazendo uma defesa acérrima da UE para "combater os que são contra a Europa", António Costa deixou claro que só à escala europeia será possível ter uma "boa política fiscal" que permita combater a evasão fiscal.

O reforço da convergência a 28, nomeadamente ao nível da União Económica e Monetária, foi outro tópico defendido por Costa: "Temos a obrigação de aproveitar a janela de oportunidade que hoje temos e evitar uma nova crise e, para isso, a reforma da União Económica e Monetária é absolutamente essencial para que tenhamos uma moeda que não seja só única, mas que seja efetivamente comum, uma moeda que sirva as diferentes economias da zona euro, que seja um fator de união e não um fator de divisão."

Costa deu também o exemplo da geringonça e dos resultados alcançados em dois anos de governo: "Orgulhamo-nos de ter provado que é possível viver com as mesmas regras" e adotar "uma política diferente" que permitiu ter crescimento económico, mais emprego e maior igualdade.

Com uma nota de humor no meio da sua intervenção ao dizer que foi o primeiro chefe de governo europeu de origem indiana e agora é o segundo, o que já "é uma tendência", António Costa agradeceu o apoio dado pelos socialistas europeus à candidatura de Mário Centeno - cuja participação no programa de hoje foi cancelada - à presidência do Eurogrupo.

Lembrando que os valores europeus têm sido um guia para todos os governos socialistas em Portugal, António Costa deixou um alerta: "Mais uma vez é a batalha pelos valores que está em causa quando temos de enfrentar" os vários populismos de esquerda e de direita, dando respostas aos problemas e medos dos cidadãos que alimentam esses movimentos.

Devolver aos cidadãos europeus a confiança, a segurança e a esperança "são as chaves" para atingir esse objetivo comum aos partidos socialistas e sociais-democratas europeus. prosseguiu António Costa - aproveitando para fazer uma observação sobre a política alemã: "Um governo [de Angela Merkel] com o SPD será seguramente melhor para a Europa que um governo sem o SPD."

"É uma sociedade solidária" ao nível da UE que se exige, argumentou, pois "temos bons argumentos para combater os que são contra a Europa" e que só ganham força "porque não temos coragem de dizer que precisamos de mais Europa para responder a esse desafio".

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