Fazer duas provas de Matemática daria "elevada disparidade" nos resultados
Instituto responsável pelas provas volta a negar qualquer alteração de última hora aos critérios de correção da prova. E diz que fazer duas provas diferentes é que teria dado origem a uma desigualdade de tratamento dos alunos
O Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) volta a garantir, em comunicado, que "não existe nenhuma alteração" aos critérios de classificação da prova de Matemática A do secundário, acrescentando que isso até poderia suceder sem que qualquer regra fosse violada, "uma vez que, nesta fase, os referidos critérios se constituem como uma versão de trabalho, que assume um caráter provisório até estar concluído o processo de classificação". O IAVE garante ainda que a alternativa defendida pela Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) - que pretendia duas provas diferentes para alunos que seguiram o programa antigo e o novo da disciplina - teria gerado "elevada disparidade" nas classificações.
Em causa estão instruções transmitidas ontem pelo IAVE aos professores corretores da referida prova, referentes a três itens onde os estudantes eram chamados a optar entre questões baseadas no programa antigo da disciplina ou no que entrou em vigor em 2015 e foi seguido pela maioria dos alunos. Na missiva enviada ontem aos professores, o IAVE esclarecia que, caso os alunos tivessem respondido às duas questões, ou mesmo respondendo erradamente à questão contrária àquela que tinham indicado como opção, as respostas deveriam ainda assim ser relevadas em termos de cotação.
Sem prejuízo das instruções de realização apresentadas no enunciado da prova, que indicam que os alunos devem, nos itens em alternativa, responder apenas a um deles, foram surgindo informações de professores classificadores de que alguns alunos não o tinham feito
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As novas instruções terão gerado polémica, com alguns docentes a dizerem ontem ao jornal Público que isso criaria uma situação de discriminação para com os estudantes que responderam apenas a uma questão. Mas o IAVE defende que agiu precisamente em resposta a alertas feitos pelos professores corretores. E que o fator novidade desta prova - que combina questões relativas a dois programas distintos - torna compreensíveis alguns equívocos por parte dos alunos.
"Sem prejuízo das instruções de realização apresentadas no enunciado da prova, que indicam que os alunos devem, nos itens em alternativa, responder apenas a um deles, foram surgindo informações de professores classificadores de que alguns alunos não o tinham feito", conta o IAVE. "Relembra-se que esta situação não estava presente em provas de anos anteriores, as quais muitos alunos analisam e resolvem na fase de preparação para o exame. Nos critérios de classificação não estão definidos quaisquer procedimentos ou instruções que se apliquem à situação descrita", insiste.
O IAVE defende que a alternativa defendida pela Sociedade Portuguesa de Matemática - a realização de duas provas distintas, seria incomparavelmente mais problemática
Além disto, prossegue, a" condição inscrita nos critérios gerais, na qual se refere que «se for apresentada mais do que uma resposta ao mesmo item, só é classificada a resposta que surgir em primeiro lugar» não pode ser aqui aplicada porque não estamos perante um mesmo item, mas sim perante dois itens distintos, apresentados em alternativa"
Duas provas diferentes levariam a "falta de equidade"
A polémica em torno destes exames, que também já motivaram queixas por parte dos estudantes, levou a Sociedade Portuguesa de Matemática a lembrar as suas objeções antigas à combinação de dois programas numa só avaliação. No entanto o IAVE defende que a alternativa defendida por esta sociedade - a realização de duas provas distintas, seria incomparavelmente mais problemática.
"Não sendo possível realizar uma pré-testagem dos itens de uma nova prova (a que se destinaria aos alunos abrangidos ao Programa de 2015, a elaborar pela primeira vez), por razões óbvias de segurança, e não estando prevista a normalização dos resultados, seria impossível assegurar que ambas as provas fossem equivalentes no que se refere ao seu grau de complexidade e dificuldade", sustenta o instituto responsável pela elaboração das provas externas. "Como consequência, poderíamos estar a gerar resultados com elevada disparidade entre as duas provas, o que traria uma situação de incontornável injustiça e falta de equidade quando esses mesmos resultados fossem usados como classificações para o ingresso no ensino superior".