Governo quer saber quantos alunos temos a estudar lá fora
Últimos dados apontam Reino Unido, Espanha e França como os grandes destinos. Mas a informação é incompleta
O governo português quer saber quantos alunos nacionais estudam no estrangeiro e já pediu ao Eurostat para atualizar dados que já não são revistos há vários anos. Paradoxalmente, como admitiu ao DN o ministro do Ensino Superior, Manuel Heitor, sabemos exatamente quantos estrangeiros frequentam as universidades e os politécnicos nacionais -32 727, entre programas curtos, como o Erasmus, e cursos inteiros -, mas os dados relativos aos portugueses no exterior são incompletos e desatualizados, sobretudo no que respeita à Europa.
"No último Conselho Europeu de ministros do Ensino Superior, com o apoio da Espanha, da Itália, da Grécia e também da Alemanha, lancei uma missiva para o Eurostat atualizar a informação, não apenas de estudantes mas do emprego e de graduados", contou ao DN o governante, admitindo que , embora exista a convicção de se verificou uma evolução nestes dados, não há forma de os verificar: "Temos a sensação de que há hoje, após a recessão económica, dos períodos mais negros de 2009 e de 2013-14, um movimento muito grande dos países da periferia para os países do centro da Europa, tanto de estudantes como de procura de emprego", confirmou. "Mas a informação é muito deficiente nesta área."
Esta aparente contradição de um país saber muito mais sobre os estudantes estrangeiros que o visitam do que os nacionais que tem espalhados pelo mundo - não só os números mas os graus e as áreas de formação preferidos por estes - é explicada pelo facto de não existirem, nem em Portugal nem na generalidade dos países da União Europeia, mecanismos que permitam controlar as saídas de estudantes para instituições estrangeiras.
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O efeito da livre circulação
Com as fronteiras abertas, qualquer aluno, finda a escolaridade obrigatória, é livre de prosseguir estudos onde bem entender. Como as bolsas (geralmente oferecidas pelos países de acolhimento) são escassas e o Estado Português apenas financia estudantes integrados em projetos de investigação, no topo das suas formações académicas, é virtualmente impossível saber com exatidão quantos são e o que estudam os alunos de licenciatura e mestrado portugueses lá fora.
Com exceção dos programas de mobilidade da União Europeia, como o Erasmus, em que o processamento é controlado pela comissão Europeia, os dados existentes são os que os diferentes países fornecem, com base nos levantamentos que fazem aos estudantes estrangeiros nos seus sistemas. Mas estes - como adverte o Eurostat no seu último levantamento sobre esta matéria, publicado em... 2013, e claramente deficitário, não apenas em relação a Portugal - "a falta de informação sobre a distribuição dos alunos por nacionalidade em alguns países leva a que os valores sejam subestimados".
O Instituto de Estatísticas da UNESCO tem a única estimativa global da mobilidade de estudantes. De acordo com os dados que publica, Portugal tinha, em 2014, 9525 estudantes matriculados em cursos superiores no estrangeiro.
Reino Unido (2521), Espanha (1776), França (1659), Estados Unidos (834) e Brasil (661) compunham o top 5 das preferências nacionais.
No espaço europeu, entre os países que se aproximam desses valores está a República Checa, que tem crescido como destino, sobretudo devido à procura dos seus cursos de Medicina.