Emoção, lágrimas, palmas, música e poesia na evocação ao ex-presidente

Cerimónia no Mosteiro dos Jerónimos contou com mais de 500 convidados
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Emoção, lágrimas, palmas, música e poesia marcaram a sessão solene evocativa de homenagem ao antigo Presidente da República Mário Soares, que juntou hoje nos claustros do Mosteiro dos Jerónimos mais de 500 convidados nacionais e estrangeiros.

A cerimónia, realizada exatamente no mesmo local onde em 1985 Mário Soares assinou a 12 de junho o tratado de adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia (CEE), começou poucos minutos antes das 13:00, quando a urna entrou nos claustros carregada a ombro por seis militares.

Coberto com a bandeira nacional e perante os mais de 500 convidados que permaneciam de pé, o caixão foi colocado no palco instalado no centro dos claustros.

Depois de se ouvir o hino nacional e a voz de Mário Soares proferindo o início do discurso da cerimónia de assinatura do tratado de adesão à CEE, o filho do antigo Presidente da República, João Soares, de cravo vermelho na lapela e com voz por vezes embargada, subiu ao palco e fez a primeira intervenção da sessão solene.

A seguir foi a voz de Maria de Jesus Barroso, mulher de Mário Soares, falecida no verão de 2015, que ecoou nos claustros, declamando "Os dois poemas de amor da hora triste", de Álvaro Feijó.

De rosa amarela no peito, a filha do antigo Presidente da República, Isabel Soares, fez então o discurso mais emotivo e emocionado da cerimónia, lembrando, tal como o irmão tinha feito, episódios da vida familiar.

Intercaladas por intervenções musicais do coro do Teatro Nacional de São Carlos e da Orquestra Sinfónica Portuguesa, foi depois a vez do presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, do primeiro-ministro, António Costa, e do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, discursarem, num registo mais institucional. O discurso do primeiro-ministro, que se encontra em visita de Estado à Índia até quinta-feira, foi previamente gravado e transmitido no ecrã instalado nos claustros.

A cerimónia, inteiramente civil, terminou com o hino nacional e palmas dos convidados, antes de a urna sair dos claustros transportada a ombros por seis militares da Guarda Nacional Republicana.

Para o primeiro funeral de Estado realizado em Portugal depois do 25 de Abril deslocaram-se a Lisboa diversas entidades estrangeiras, que estiveram também presentes da cerimónia de evocação, entre os quais o rei Felipe VI de Espanha e os Presidentes do Brasil, Cabo Verde e Guiné-Bissau, o presidente do Parlamento Europeu, o presidente da Assembleia Nacional angolana, o vice-ministro das Relações Exteriores de Cuba.

Os antigos primeiro-ministro francês Lionel Jospin, presidente do Brasil José Sarney e presidente da Comissão Europeia Jacques Santer bem como o ex-presidente do Governo espanhol e ex-líder do PSOE, Felipe Gonzalez, estavam também entre os convidados estrangeiros.

Nas mais de 500 cadeiras colocadas nos claustros estavam também figuras nacionais de todas a áreas, como a antiga atleta Rosa Mota, o empresário Rui Nabeiro, Duarte Pio de Bragança, o capitão de Abril Vasco Lourenço, os presidentes das câmaras de Lisboa e do Porto, o padre Vítor Melícias e a Procuradora-Geral da República, entre muitos outros.

Da área política, os antigos Presidentes Ramalho Eanes, Jorge Sampaio e Cavaco Silva, os ex-primeiros ministros Pedro Passos Coelho e José Sócrates, a ex-ministra Manuela Ferreira Leite estiveram também presentes, tal como representantes de todos os partidos, como os ex-líderes partidários Luís Marques Mendes e Francisco Louçã.

Mário Soares morreu no sábado, aos 92 anos, no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa.

Nascido a 07 de dezembro de 1924, em Lisboa, Mário Alberto Nobre Lopes Soares, advogado, combateu a ditadura do Estado Novo e foi fundador e primeiro líder do PS.

Após a revolução do 25 de Abril de 1974, regressou do exílio em França e foi ministro dos Negócios Estrangeiros e primeiro-ministro entre 1976 e 1978 e entre 1983 e 1985, tendo pedido a adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1977, e assinado o respetivo tratado, em 1985.

Em 1986, ganhou as eleições presidenciais e foi Presidente da República durante dois mandatos, até 1996.

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