Educação. O perigo de patinar depois dos sinais positivos
Fim dos exames dos 4.º e 6.º anos, eliminação das provas do Cambridge e de avaliação dos professores, universalização do pré-escolar e manuais gratuitos no 1.º ano. Ao rol de pontos positivos elencados pelos sindicatos junta-se a tranquilidade na abertura do ano letivo, com a colocação de professores a correr sem grandes problemas, apontada pelos pais. Mas tanto Mário Nogueira, secretário-geral da Federação Nacional dos Professores, como Jorge Ascenção, da Confederação Nacional das Associações de Pais, concordam num ponto: foi um ano de bons sinais na área da educação, mas o ministro Tiago Brandão Rodrigues ainda tem de provar que consegue concretizar as mudanças. "As medidas iniciais do ministério foram promissoras, permitiram travar um caminho que ia ser prosseguido pela anterior maioria, com a privatização do setor, com a municipalização. Mas agora que aquilo que é preciso fazer (como o rejuvenescimento da classe docente, as progressões na carreira ou a luta contra a precariedade dos trabalhadores do setor) já não é de ordem política, que tem implicações financeiras, o ministro já começa a patinar", entende Mário Nogueira. Já para Jorge Ascenção, cada medida positiva nas áreas fundamentais do setor vem acompanhada por um senão. "O ano começou de forma mais tranquila do que é habitual, mas ainda está por resolver a escassez de funcionários, que põe em causa o funcionamento das escolas. Na avaliação dos alunos, a eliminação dos exames dos 4.º e 6.º anos foi uma medida razoável, pela carga negativa que tinham. Mas faz sentido haver uma avaliação numa fase precoce do percurso, para se detetar problemas e corrigir o que for preciso."