Caldeira Cabral: "Visto vai funcionar para pessoas com qualificações reconhecidas"

Em entrevista ao DN e à TSF na Índia, o ministro da Economia afirma que os startup visa servem para empreendedores e também para "profissionais qualificados" que façam falta em Portugal.

Que impressões recolhe desta viagem à Índia?

Tem sido uma viagem muito interessante, quer do ponto de vista da ligação entre os dois países quer pelo interesse demonstrado pela ligação do primeiro-ministro à Índia, mas tem sido interessante sobretudo em termos económicos, com um forte interesse de grandes grupos indianos em investir em Portugal e já com alguma concretização de negócios.

Que negócios foram feitos?

Alguns já estavam em negociação e outros vão ser anunciados nas próximas semanas. São investimentos importantes, em áreas tecnológicas, áreas onde a Índia encontra em Portugal um país interessante para entrar na União Europeia. Houve a compra de um grupo português, a Generis, por um dos maiores grupos indianos, mas com intenção de expansão da produção, e, a prazo, expansão de empregos. Neste setor houve também dois grupos indianos que estão a demonstrar interesse em investir, um deles já em fase bastante avançada, e que deverá concre- tizar a operação nos próximos meses. Houve também uma manifestação de grande interesse na área do turismo por parte de grandes grupos para fazerem investimentos em Portugal, eles olham para isso como uma entrada no mercado da União Europeia. Mas há outras áreas com demonstrações de interesse, como o turismo, o imobiliário ou o setor automóvel.

O governo anunciou o visto para startups. Como funciona este programa?

O startup visa parte da ideia de que os empreendedores indianos podem ter um visto especial. Empreendedores e pessoal altamente qualificado em áreas em que há escassez de trabalhadores em Portugal são muito bem-vindos. Houve uma participação de empresas indianas na Web Summit, e pelo menos duas já concretizaram a intenção de abrir em Portugal. Tivemos encontros na Índia com investidores especializados em startups na área das tecnologias de informação que mostraram interesse pelo fundo de coinvestimento que estamos a lançar e que estão já com empresas portuguesas no radar e a olhar para as oportunidades de investimento em Portugal com grande interesse. A Índia afirmou-se globalmente na área das tecnologias de informação, tem empresas de referência mundial e um ambiente de startups que tem gerado muito interesse de investidores norte-americanos com muitas empresas que estão na Índia e em Silicon Valley também, e o que queremos é que estejam lá e aqui na Índia mas também em Lisboa e no Porto e que comecem a olhar para Portugal como um ponto interessante de aceleração e de entrada na Europa.

Mas o visto funciona para criadores de empresas ou também para trabalhadores qualificados?

O visto vai funcionar para empresas e empreendedores que queiram abrir atividade em Portugal e também para pessoas com qualificações reconhecidas, que vão ser certificadas e que reconhecidamente façam falta em Portugal. É uma forma de atrairmos pessoal qualificado em áreas como a das tecnologias de informação em que sabemos, porque as empresas o sinalizam, que há escassez que já está a limitar o crescimento das empresas. Alguém com essas qualificações permite esse crescimento e criar muitos outros empregos para portugueses e outras pessoas que queremos atrair para o país.

O visto é acompanhado de algum benefício fiscal?

Portugal já tem benefícios fiscais para os não residentes. O nosso interesse é afirmar Portugal como um país inovador.

O financiamento continua a ser um problema das empresas, que depende das taxas de juro da dívida, que ultrapassou a barreira dos 4%. Isso preocupa-o?

Estamos preocupados com o financiamento das empresas e por isso mesmo estamos a trabalhar com o programa Capitalizar para melhorar essas condições. Estamos também a trabalhar com o Ministério das Finanças para criar melhores condições de financiamento para a economia e penso que os resultados na política fiscal e no défice de 2016 são muito positivos e devem ser vistos internacionalmente dessa maneira.

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