Três em cada dez universitários não acabam o curso
Menos de metade dos alunos do ensino superior termina o curso nos três anos previstos e 29% abandonam e não obtêm o diploma, indica o estudo da Direção-Geral de Estatística da Educação e Ciência (DGEEC). Isto significa que três em cada dez estudantes que entram nos politécnicos e universidades acabam por desistir.
A análise incidiu sobre "o trajeto no ensino superior dos alunos que ingressaram em cursos de licenciatura com a duração teórica de três anos". Mais precisamente entre os anos letivos de 2011/12 e 2014/15, "o período mais marcado da recente crise económica em Portugal".
Após o estudo a estes quatro anos, conclui-se que 15 mil estudantes desistem do curso. " Volvidos quatro anos da inscrição inicial, 46% dos alunos tinham concluído a sua licenciatura; 14% continuavam inscritos no curso sem o terem ainda concluído; 11% continuavam inscritos no ensino superior, mas tinham optado por mudar de curso; finalmente, 29% dos alunos não se encontravam em nenhuma das situações anteriores, não se tendo diplomado e não tendo sido encontrados, passados quatro anos, no ensino superior português", lê-se no documento, publicado no site da DGEEC.
Os dados referem que "apenas cerca de metade dos alunos que se inscreveram em licenciaturas de três anos conseguiram concluí-las dentro dos primeiros quatro anos de estudos, e mais de um em cada quatro alunos abandonaram o ensino superior algures neste período de tempo".
A DGEEC observou "que a percentagem de abandonos durante os quatro anos tende a ser superior no ensino politécnico face ao ensino universitário e nas instituições privadas face às instituições públicas".
No ensino universitário público, 26% não concluíram os cursos, enquanto no ensino privado a taxa de abandono sobe para 31%. Os dados referentes ao ensino politécnico privado apontam para 38% e no ensino politécnico público 30%.
A área da formação foi tida em conta e constituiu "uma das principais surpresas" neste estudo. Nas licenciaturas de três anos na área dos Serviços Sociais, 75% dos alunos obtiveram diploma, passados quatro anos. Situação bem diferente verificou-se na área de Informática. "Apenas 22% dos alunos conseguiram concluir o curso em quatro anos, menos de um terço da percentagem observada entre os seus colegas de Serviços Sociais". "Esta disparidade é extremamente elevada", conclui o estudo.
Tendo em conta que neste estudo são analisadas apenas a formações superiores com a duração de três anos, além da Informática, "os cursos em que os alunos menos conseguiram concluir as suas licenciaturas em quatro anos foram as das Engenharias, da Arquitetura e Construção e das Ciências Físicas, com percentagens de conclusão entre os 33% e os 38%".
" Estas são áreas caracterizadas por taxas de abandono significativas, na casa dos 20%, elevadas taxas de transferências, também da ordem dos 20%, e números substanciais de alunos que continuam inscritos nos seus cursos iniciais, passados quatro anos, sem os terem concluído", refere o estudo da DGEEC.
No extremo oposto, estão os cursos na área dos Serviços Sociais, Saúde, da Informação e Jornalismo, das Ciências Veterinárias e das Ciências da Educação. Cursos com "elevadas percentagens de conclusão passados quatro anos, com valores entre os 67% e os 70%".
Outros dados analisados permitem concluir uma "diferença muito expressiva" entre homens e mulheres.
"A percentagem de mulheres que se diplomaram em 4 anos (60%) é muito superior à percentagem análoga entre os homens (40%). Também a taxa de abandono do ensino superior após 4 anos é inferior entre as mulheres (17%), quando comparadas com a dos homens (25%)", diz o estudo.
O nível de escolaridade dos pais também tem influência no trajeto dos alunos no ensino superior, tal como acontece no ensino básico e secundário. "Em termos globais, observamos que níveis mais elevados de escolaridade dos pais estão associados a menores taxas de abandono, especialmente no caso de os pais terem, eles próprios, um grau superior. Por outro lado, não se observa uma correlação significativa entre o nível de escolaridade dos pais e as percentagens de conclusão da licenciatura em quatro anos".