André Ventura
André VenturaFoto: Leonardo Negrão

Ventura acusa Banco de Portugal de ser "muleta do sistema" e quer chamar Centeno ao Parlamento

O líder do Chega exigiu que o governador do Banco de Portugal preste contas no Parlamento, depois de ter esta sexta-feira revisto em baixa as previsões económicas para o país.
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O líder do Chega, André Ventura, anunciou esta sexta-feira, 6 de junho, que vai pedir a audição parlamentar do governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, após a divulgação de previsões económicas revistas em baixa dias depois das eleições legislativas. Ventura questiona o momento da divulgação dos dados e insinua que o Banco terá agido para proteger o Governo durante o período eleitoral.

“Estranho que só agora, depois do voto dos portugueses, o Banco de Portugal reveja em baixa o crescimento económico. Isto levanta dúvidas sobre se não houve uma tentativa deliberada de esconder a realidade durante a campanha”, afirmou Ventura, em conferência de imprensa, citado pela agência Lusa.

Segundo o mais recente Boletim Económico, divulgado esta manhã, o Banco de Portugal reduziu a sua previsão de crescimento do PIB para 2025 de 2,3% para 1,6%, devido a uma contração inesperada de 0,5% no primeiro trimestre do ano. A instituição reconhece que esse abrandamento “não foi antecipado” nas projeções anteriores.

Ventura foi mais longe, acusando diretamente Centeno de atuar como “muleta do sistema” e insinuando favorecimento político: “O governador foi ministro das Finanças de um governo PS. E parece que agora quis fazer um favor ao sistema — PS e PSD são a mesma coisa.”

O líder do Chega exigiu que Centeno preste contas no Parlamento, justificando a revisão dos números e explicando “porque é que os dados foram ocultados do debate público antes das eleições”. O partido promete também questionar o atual ministro das Finanças sobre as previsões de crescimento que o Governo está efetivamente a usar como base para as suas políticas.

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Centeno insiste na contenção salarial e salienta papel da imigração no crescimento económico

As críticas surgem num contexto em que os números do Banco de Portugal contrastam com os do executivo: o Orçamento do Estado para 2025 previa um crescimento de 2,1%, valor que o Governo chegou a rever em alta para 2,4% no relatório enviado a Bruxelas. Agora, o Banco central projeta um cenário bem mais conservador.

Além da revisão do crescimento, o BdP agravou a sua estimativa do défice para 2026, apontando agora para 1,3% do PIB, face aos 1% anteriormente previstos.

Para Ventura, este desfasamento mina a confiança dos cidadãos: “Nenhuma política económica pode ser séria se não tiver números coerentes. O país precisa de crescer, mas também de transparência.”

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