A orientação estratégica dos sociais-democratas aponta, “para já”, a sete câmaras do PS, duas da CDU e ao Porto. PSD não esconde “preocupação” com sete autarquias laranja que podem estar em risco. Partido mantém coligações anteriores e abre porta a independentes.O “pontapé de saída” para a preparação de um processo de “escolhas” que só deverá estar concluído em março vai ter a presença de Luís Montenegro, Marques Mendes, Carlos Moedas, Hugo Soares, Ricardo Rio, Pedro Alves, Castro Almeida, Pedro Pimpão, líder dos Autarcas Social-Democratas (ASD) e os autarcas eleitos pelo PSD.A reunião deste sábado, em Ovar, dos autarcas do partido pretende “unir e mobilizar os militantes em torno da estratégia para as próximas autárquicas" – que devem realizar-se a 28 de setembro ou a 5 de outubro – com o objetivo, diz Pedro Pimpão, de colocar o PSD como "o partido dominante na Associação Nacional de Municípios e de Freguesias".A orientação estratégica do PSD para as eleições autárquicas deste ano, que já definiu as regras de “competência, a idoneidade e a credibilidade” dos candidatos”, tem identificadas, para já, “dez câmaras alvo” - sete do PS, duas da CDU e uma independente - e sete que são “preocupações” internas.Os sociais-democratas, que não recusam os chamados candidatos ‘paraquedistas’ porque o mais importante é a “competência” e a “notoriedade”, apostam em “candidatos qualificados”, apurou o DN junto de fonte social-democrata, para Loures (PS), Almada (PS), Odivelas (PS) Amadora (PS), Vila Nova de Gaia (PS), Gondomar (PS), Seixal (CDU), Setúbal (CDU), Sintra (PS) e Porto, liderado até agora pelo movimento independente de Rui Moreira. E em todas, até agora, não há “ainda” nomes decididos ou públicos.“Os critérios de exigência” para as escolhas, que incluem as dos “dez alvos”, vão ser mais apertados em “capitais de distrito e dos municípios com mais de 100 mil eleitores”, entendidos como “prioritários”, sendo aqui “obrigatória” uma “concertação prévia entre as lideranças das secções, das distritais e a direção nacional do PSD”.Dada a importância das Eleições Autárquicas de 2025, que serão interpretadas também como “avaliação do Governo e da Oposição”, esta decisão de “concertação” ter por objetivo “garantir uma avaliação criteriosa e estratégica destas candidaturas” garantindo a defesa da “visão do partido” e a “unidade partidária”.E nomes? O PSD não quer “precipitações” e exige “reservas”, justificando que a “divulgação de candidatos só deve ocorrer após concluído todo o processo político de decisão interna, e seguindo uma adequada programação articulada com as Distritais”- sendo que nos “prioritários” há essa obrigação de “concertação prévia” com a direção nacional. E em muitas, esse processo ainda vai demorar algumas semanas.As escolhas vão seguir regras de “qualidade”, de “prioridade” e “ética” definindo “candidatos com experiência, capacidade de liderança e ligação real às suas comunidades”, o que traduzido significa um travão a ambições de líderes de concelhias, que por o serem “podem pensar que são os melhores candidatos, mesmo não o sendo”.Regra basilar: “Uma conduta irrepreensível, garantindo que as suas ações não comprometam a idoneidade pessoal nem a do Partido.”Avaliados e “estudados” os “dez alvos”, em particular, e após “todos os procedimentos”, que até podem incluir a seleção de “candidatos independentes apoiados pelo partido”, é que os nomes “aprovados” devem ser tornados públicos.A “estratégia” para atacar autarquias da CDU, do PS e também os “independentes” e “socialistas” no Porto é precisamente a mesma para “defender” sete câmaras municipais que são consideradas “preocupações” no PSD.Tradução: autarquias que por “diversas razões”, incluindo “a mudança de presidente” por limitação de mandatos podem mudar de cor partidária - e em média, isso acontece em 40% das câmaras nessa situação.Neste caso, a “preocupação” reside em Bragança [PSD], Faro [Coligação PSD, CDS, IL, MPT e PPM], Braga [PSD, CDS, PPM e Aliança), Aveiro [PSD, CDS, Aliança e PPM), Santarém [PSD], Cascais [PSD e CDS] e Coimbra que junta PSD, CDS, Nós Cidadãos, PPM, Aliança, RIR e Volt.Neste último caso, em Coimbra, a dúvida chama-se “Ana Abrunhosa”. É o nome falado para uma candidatura socialista - que “ainda não terá aceitado”, disse ao DN fonte socialista. É ela que o PSD teme. Já o PS considera que “sozinha dificilmente ganhará” porque a “direita unida” tem mais votos. É com isto que o PSD conta.O que já está garantido é que o CDS de Nuno Melo verá renovadas todas “as coligações atualmente existentes que se tenham revelado positivas quer eleitoralmente, quer em termos de desempenho autárquico”.Sendo “regra” o partido “concorrer a todos os órgãos autárquicos” em “listas próprias” abrem-se exceções, para além dos atuais casos “existentes”, nas autarquias “onde a avaliação política aponta para coligações ou apoio a candidaturas independentes”. A avaliação para coligações é feita após a análise da “fundamentação clara das suas vantagens políticas” que as distritais devem elaborar.“Em circunstâncias muito específicas e decorrente de avaliação de todos os intervenientes - Coordenadora Autárquica e Órgãos Concelhios, Distritais e Nacional -, poderá o PSD decidir pelo apoio a candidaturas independentes”, clarifica-se no documento que traça a estratégia eleitoral.O caderno de encargos para os candidatos define oito “compromissos” - Serviço Público, Transparência e a Integridade, Idoneidade e a Ética, Prosperidade e a Coesão Social, Inovação e a Transformação Digital, Sustentabilidades, Democratização e Descentralização, Liberdades Individuais e Coletivas - e o “desejo de aumentar a participação feminina nas listas, não para efeitos de cumprimento das quotas legais, mas para assegurar que não deixa de identificar as melhores candidatas de cada estrutura para participarem no processo eleitoral em lugares efetivamente elegíveis”.E por fim, surge a constatação de que uma “Democracia plural depende de uma participação efetiva tanto de homens, como de mulheres, mas sabe [o PSD] que, na política, é mais difícil identificar candidatas mulheres disponíveis para disputas eleitorais”.O antigo líder do PSD Luís Marques Mendes, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, e o primeiro-ministro, Luís Montenegro, participam este sábado no encontro dos Autarcas Social-Democratas, "um pontapé de saída" na preparação das eleições locais.Marques Mendes fará uma intervenção no encontro dos ASD imediatamente antes da sessão de encerramento com o tema "Governança Local e Ética: Construindo Pontes de Confiança com os Cidadãos".O encontro, que tem como tema geral os "Desafios e oportunidades das autarquias no contexto nacional e internacional", abrirá com intervenções do secretário-geral do PSD, Hugo Soares, e do presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio.A primeira sessão terá como orador o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, sobre "Perspetivas Locais para Soluções Globais", seguindo-se uma intervenção do ministro Adjunto e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, sobre "Portugal no Contexto de uma Europa Alargada".O coordenador autárquico do PSD Pedro Alves e Marques Mendes completam o ciclo de oradores, antes da sessão de encerramento, em que discursarão o presidente do PSD e primeiro-ministro, Luís Montenegro, e o líder dos ASD Pedro Pimpão.