O líder do Livre, Rui Tavares, confessou este sábado, 13 de setembro, que não tem vontade de ser o candidato do partido às presidências de janeiro, mas ressalvou que não se pode pôr “completamente fora” da corrida.“Eu não quero ser candidato presidencial. Mas não posso dizer, como ninguém com dois dedos de responsabilidade por este país pode dizer, 'ponho-me completamente fora e desta água não beberei', porque é impossível. Porque aí vocês fazem um título a dizer que é impossível. E se eu disser que não excluo a hipótese, vocês fazem um título a dizer que o Rui Tavares não exclui a hipótese”, declarou, à margem do 16.º Congresso do Livre.No Mosteiro de São Bento da Vitória, no Porto, Rui Tavares considerou que o partido “tem sido responsável e tem esperado”, acrescentando que os partidos “não têm de ter um candidato próprio” só para “picarem o ponto”.Questionado se isso significaria que o partido não apoiaria a candidatura da bloquista Catarina Martins, Rui Tavares deixou em aberto, mas disse que “eleições presidenciais não são tipo senhas por ordem de chegada para chegar à fila”.“Não estou a falar da Catarina Martins em particular, mas há um mito que importa desfazer. Porque certas pessoas dizem 'cheguei primeiro e, portanto, confluam atrás de mim'”, isso não é do interesse de uma candidatura”, atirou, dizendo que o campo progressista em Portugal “tem dado tanta gente com valor a este país”.O partido disse "estar entusiasmado" e a "motivar pessoas" a avançar, sublinhando que é importante que haja um candidato empenhado em querer defender a Constituição da República.Questionado por nomes, Rui Tavares não apontou só pessoas do partido.“Há muita gente. Há Elisa Ferreira, há Helena Roseta, há Marta Temido. Há tanta gente que está disponível para servir o país. Posso dizer outros nomes”, especificou.O líder do Livre reforçou que o partido ainda tem que fazer o debate interno e disse ser preciso haver uma vitória presidencial da esquerda.“O apelo que nós fazemos é que se reflita bem sobre o momento crucial, o momento histórico em que estamos. E que os candidatos possíveis no campo progressista e democrático que ou reflitam, ou até que reabram a reflexão que já fizeram, porque as coisas estão sempre a mudar”.."Construir cidade".Quanto às eleições autárquicas, Rui Tavares garantiu que o partido Livre não quer “só resolver o problema da habitação”, mas também “construir cidade” com as candidaturas às autárquicas de outubro.“Sim, a gente quer resolver o problema da habitação. Mas a gente não quer só resolver o problema da habitação. A gente quer construir cidade. A gente quer bairros, praças, ruas, onde seja agradável viver. Sim, a gente quer casas para o povo. Mas pensem mais, pensem maior, pensem melhor: a gente quer palácios para o povo”, desafiou, numa referência ao Mosteiro de São Bento da Vitoria, no Porto, onde se realizou o 16.º congresso do partido.Num congresso onde foram apresentados alguns dos candidatos aos principais concelhos do país, Rui Tavares pediu às escolhas autárquicas do partido que “nunca desistam de uma ideia por ela parecer ambiciosa demais”.“Falem dela com os vossos concidadãos, façam-nos sonhar com o jardim, com a biblioteca, com a escola, com a nova rua, com a nova ligação, com a nova cidade que eles e elas podem ter. Não queremos cidades montra só para estrangeiros”, declarou.No discurso de encerramento, desejos melhores condições nas escolas públicas e mais espaços verdes na cidade mereceram a atenção do líder do Livre, que deixou críticas a alguns candidatos autárquicos.“Nós queremos limpar as ruas, mas nós queremos ter arte nas ruas. Nós não queremos, certamente, erradicar bairros e erradicar pessoas. Repugna-nos que essa possa ser a linguagem utilizada por muitos candidatos políticos, até de partidos que são fundadores da política em Portugal, da democracia em Portugal. Partidos que têm muito claramente nos seus estatutos a defesa da dignidade humana, mas que não dizem um piu quando um candidato ou uma candidata sua defende a erradicação de bairros”, considerou, numa referência à candidatura do PSD à Câmara da Amadora, encabeçada por Suzana Garcia.A Norte, Rui Tavares disse querer bairros com cultura e criticou que no Porto existam bairros “que estão ao lado de Serralves, mas cortados de Serralves”, numa referência aos bairros de Pinheiro Torres e da Pasteleira, na zona mais ocidental da cidade.“Nós ficaremos contentes quando um miúdo da Pasteleira for curador em Serralves, for diretor do MoMA em Nova Iorque, porque nós não nos satisfazemos com pouco”, disse. .Catarina Martins anuncia candidatura a Belém