Governo quer que trabalhadores possam escolher se querem subsídios de férias e Natal em duodécimos
Filipe Pinto

Governo quer que trabalhadores possam escolher se querem subsídios de férias e Natal em duodécimos

Programa prevê maior flexibilidade no tempo de trabalho, direito a férias e bancos de horas. Pretende ainda "equilibrar" o direito à greve e rever o regime de proteção social no desemprego.
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O Governo pretende dar uma maior flexibilidade no gozo de férias por iniciativa do trabalhador, com um limite a definir com o empregador, segundo consta no programa do executivo entregue este sábado, 14 de junho, na Assembleia da República. Quer ainda que os trabalhadores voltem a poder escolher se querem receber os subsídios de férias e de Natal em duodécimos ou da forma tradicional.

O Governo quer ainda que os trabalhadores voltem a poder escolher se querem receber os subsídios de férias e de Natal em duodécimos ou da forma tradicional.

"Cada trabalhador deve voltar a ter a prerrogativa de escolher como pretende que os subsídios (13.º e 14.º meses) lhe sejam pagos: na totalidade em dois momentos do ano ou em duodécimos, isto é, diluídos pelos 12 meses do ano", lê-se no documento.

Com o intuito de "valorizar o trabalho e o emprego e combater a pobreza", o executivo liderado por Luís Montenegro estebelece ainda outras medidas, prevendo, nomeadamente avançar com uma prestação de incentivo ao trabalho.

O objetivo desta prestação é permitir a "a acumulação de rendimentos do trabalho com apoios sociais", tendo em vista incentivar "a participação ativa no mercado de trabalho".

"Substituiria um conjunto alargado de apoios sociais, sem perdas para ninguém, por um suplemento remunerativo, acumulável com rendimentos do trabalho, RSI, pensão social, ou outros apoios sociais dirigidos a situações sociais limite, que atenue o empobrecimento dos trabalhadores empregados e incentive a sua participação ativa no mercado de trabalho, e que tenha em conta a dimensão e composição do agregado familiar", detalha o Executivo no seu programa.

Entre seis medidas relativas à valorização do mercado de trabalho consta a revisão do regime de proteção social na eventualidade do desemprego, "de forma a torná-lo mais justo e transparente, incentivando a reentrada rápida no mercado de trabalho".

No documento, o Governo PSD/CDS-PP liderado por Luís Montenegro insiste na necessidade de revisitar a legislação laboral, "desejavelmente no contexto da Concertação Social", tendo em vista desburocratizar e simplificar alguns regimes legais.

Entre as medidas apresentadas consta conceder uma "maior flexibilidade no gozo de férias por iniciativa do trabalhador, com a possibilidade de aquisição de dias de férias, com um limite a definir contratualmente entre as partes".

Ao mesmo tempo, o Governo tenciona ainda "equilibrar a proteção dos trabalhadores" através de uma "maior flexibilidade dos regimes laborais" em matéria de tempo de trabalho, direito a férias e bancos de horas.

O executivo quer ainda reforçar a possibilidade de transição, "mesmo que temporária" entre regimes de horário de trabalho e a possibilidade de teletrabalho por acordo entre as partes, bem como avançar com um "enquadramento flexível, por livre acordo, de transição entre durações do período normal de trabalho semanal, mesmo que temporária, com possível ajuste percentual da remuneração".

Segundo o Governo, o objetivo desta última medida é permitir "um contacto mais ligeiro com o mercado de trabalho quando tal é desejado", nomeadamente para os jovens que estudam ou nos casos de transição para a reforma, "como forma de reforçar o equilíbrio entre trabalho e vida familiar, ou no propósito de desenvolvimento de projetos pessoais do trabalhador".

Ainda no âmbito desta revisão da legislação laboral, o Governo pretende adequar a lei à era digital, tendo em vista uma "regulamentação diferenciada do teletrabalho, do trabalho em plataformas digitais, do trabalho economicamente dependente e do trabalho em nomadismo digital".

Por outro lado, quer "equilibrar de forma mais adequada" o direito à greve "com a satisfação de necessidades sociais impreteríveis", assim como "clarificar, desburocratizar e simplificar" vários regimes como o de parentalidade, teletrabalho, organização do tempo de trabalho, transmissão de estabelecimento, lay-off e processo do trabalho.

O Governo prevê ainda reforçar o papel das associações sindicais e patronais, a contratação coletiva e "avaliar a definição de critérios de representatividade mínima para a emissão de portarias de extensão das convenções coletivas de trabalho", de modo a "desincentivar a fragmentação sindical e reforçar o diálogo social nas empresas", bem como reforçar o enquadramento penal existente em questões relacionadas com discriminação, exploração laboral, assédio laboral e sexual em contexto laboral.

O início da discussão com os parceiros sociais sobre eventuais mexidas na legislação laboral estava já previsto, mas a crise política adiou a discussão.

O Programa do XXV Governo Constitucional, saído das legislativas de 18 de maio ganhas pela coligação AD (PSD/CDS), foi entregue este sábado, 14 de junho, na Assembleia da República, pelo ministro dos Assuntos Parlamentares, Carlos Abreu Amorim.

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