Portugal: o “anão político” e “militar” que precisa de “se armar até aos dentes”
Gerardo Santos

Portugal: o “anão político” e “militar” que precisa de “se armar até aos dentes”

Álvaro Beleza, Clara Raposo e Marques Mendes analisaram as questões decisivas que vão marcar o país durante este ano: Defesa, a crise na Alemanha e França, o PRR e a nova administração Trump.
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Álvaro Beleza, presidente da Sedes - Associação para o Desenvolvimento Económico e Social, considera que a “Europa está com uma crise profunda nos principais países fundadores e liderantes: a Alemanha e a França”.

“Desejo como europeu que a Alemanha encontre um caminho de liderança política e económica e que a França encontre um caminho que não seja de extremismo, como se teme”, afirmou durante a sua intervenção no último painel de debate Portugal em 2025”.

O antigo mandatário nacional de Pedro Nuno Santos nas eleições legislativas de 10 de março de 2024 e que faz parte da Comissão Nacional do PS, abordando as questões de Defesa na Europa, não tem dúvidas de que a invasão da Ucrânia pela Rússia veio “demonstrar à exaustão que a Europa tem que se armar até aos dentes, mas armar a sério, para evitar uma guerra e para ter autonomia e liderança mundial (…) mas, somos um anão político porque somos um anão militar. A Europa, assim, está dependente dos Estados Unidos”.

Para o presidente da Sedes, é evidente que “Portugal e a Europa precisam de investir na Defesa, o que também é bom para a economia. É fundamental”. E, acrescentou, “precisamos de ter políticos que falem verdade, que digam as pessoas aquilo que eles acham que é preciso fazer, o que nem sempre é simpático”. Havendo “ambição”, porque é essa a “palavra-chave”, Portugal pode ser a “Dinamarca do Sul. E só é preciso uma verdadeira reforma fiscal e uma reforma da justiça”.

Clara Raposo, vice-governadora do Banco de Portugal, por seu lado, considerou que “o primeiro trimestre deste ano vai ser determinante para pôr fim à incerteza que tem pairado sobre as economias, face às grandes mudanças políticas que têm ocorrido nos últimos tempos”. Clara Raposo referia-se, em concreto, às medidas dos primeiros 100 dias da administração Trump 2.0, mas também à expetativa sobre a visão estratégica do novo executivo da Comissão Europeia.

“Já estamos todos saturados de diagnósticos, queremos saber com o que podemos contar para podermos decidir onde investir e quando investir”, observou a vice-governadora, numa crítica implícita a Bruxelas.

A vice-governadora defendeu ainda que “este é o momento de reforçar o investimento, tanto privado quanto público” e fez questão de salientar que “o investimento público não é nocivo, pelo contrário, é muitas vezes essencial”.

Luís Marques Mendes, ex-líder do PSD e um dos nomes na lista de candidatos presidenciáveis, afirma que a UE deve agir “com urgência e coesão” para enfrentar os “problemas estruturais que ameaçam o seu futuro”, apontando a perda de competitividade, a fragmentação interna e a necessidade de maior investimento em Defesa e segurança como os principais fatores de risco atuais para o projeto europeu.

Orador no painel “Portugal em 2025”, que fechou a conferência de 160º aniversário do DN, na Fundação Gulbenkian, Luís Marques Mendes classificou o momento atual da Europa como uma “anemia económica fortíssima”, agravada pela falta de lideranças políticas robustas e pela perda de competitividade em relação aos Estados Unidos e à China.

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