Três navios bateram em pontes em países diferentes em apenas três meses
O colapso da ponte de Baltimore, nos Estados Unidos, na terça-feira, devido ao embate de um navio não é caso único e aconteceu pela terceira vez nos primeiros três meses deste ano. Incidentes semelhantes verificaram-se em janeiro na Argentina e em fevereiro no sul da China, também devido a choques de grandes embarcações.
Destes casos, além dos seis desaparecidos em Baltimore, que já foram dados como mortos pelas autoridades locais, a queda da ponte na China causou cinco vítimas mortais e três feridos.
Os três eventos em tão curto espaço de tempo já levaram alguns especialistas a alertar para a necessidade urgente de melhorar as proteções das pontes mais antigas para protegê-las deste tipo de acidentes.
A ponte Lixinsha, no Delta do Rio das Pérolas, a sul da província chinesa de Guangzhou, colapsou apenas parcialmente com o embate de um barco, a 22 de fevereiro, originado a que dois automóveis caíssem no rio e um outro caiu dentro da embarcação.
Este acidente deu-se, curiosamente, depois de vários adiamentos de obras de reforço estrutural da ponte nos últimos anos.
Melhor sorte teve a ponte Zárate-Brazo Largo, sobre o rio Paraná, a norte de Buenos Aires, que ficou intacta após o embate de um cargueiro, que ficou com estragos bastante sérios.
Em declarações à CNN Internacional, Bassem O. Andraves, professor de engenharia da Universidade de Illinois, garantiu que apesar de estes três incidentes sejam semelhantes, há várias questões diferentes que podem ser colocadas na equação.
E dá como primeiro exemplo a ponte na China, onde o barco embateu no tabuleiro da ponte e não nos seus pilares, o que sugere que possa tratar-se de "erro humano", uma vez que, defende, "terá sido a altura do navio que foi ignorada" ou, por outro lado, o rio podia não ser “estar preparado para receber embarcações tão grandes”.
Ainda assim, o jornal estatal China Daily garantiu que as investigações preliminares sugeriam que houve uma "conduta inadquada da tripulação do navio".
Andraves defende que o caso da ponte de Baltimore é bem distinto, uma vez que a ponte tem altura e largura suficientes para ali passarem embarcações de grande porte. Há, por isso, "causas diferentes" para os acidentes, assegura, alertando que "atualmente há a consciência de que existe uma possibilidade muito alta de que um navio embata numa parte de uma ponte", sendo que, quando os pilares são atingidos, "pode tornar-se catastrófico" porque, afinal, "esse é o ponto mais fraco da estrutura".
E a esse propósito lembra o que aconteceu em 1980, na Flórida, quando um cargeuiro embateu na ponte Sunshine Skyway causando a morte a 35 pessoas, um acidente que levou os especialistas a "analisar e projetar" estruturas "capazes de suportar embates".
Bassem O. Andraves assumiu que existem formas de prevenir este tipo de embates, que passam pela criação de novas estruturas adicionais, uma espécie de pára-choques debaixo de água que serviriam para desviar os navios que se aproximem demasiado das pontes.
Este especialista lembra que a ponte Sunshine Skyway tem agora os denominados "golfinhos", que são estruturas de madeira ou de aço fixadas no fundo do mar ou no leito do rio que se prolongam até à superfície e rodeiam os pilares.