Sindicatos implacáveis com Montenegro. Governo enfrenta triplo das greves de Costa
Desde que o governo tomou posse, a 2 de abril deste ano, já foram convocadas 62 greves. Isto em apenas 47 dias desde que está empossado (a plenitude de funções só chegou com a aprovação do programa, a 10 de abril, no Parlamento).
Olhando para os dados da Direção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP) e por comparação com os governos de António Costa, é possível ver que no primeiro (2015) havia apenas três greves convocadas (nenhuma delas após a tomada de posse, que aconteceu a 26 de novembro); em abril de 2022 (terceiro e último governo de Costa, que tomou posse a 30 de março), o número aumentou para 23, mas o recorde vai para 2019, quando o segundo Executivo chefiado por Costa tomou posse. Em novembro desse ano (o governo tomou posse no final de outubro) foram registadas 40 greves.
Agora, menos de um mês após a tomada de posse de Luís Montenegro e dos seus ministros, os dados são claros: o número de greves registadas praticamente duplicou de abril para maio. No mês passado foram convocadas 23 ações. Destas, a primeira foi marcada para 1 de abril (ou seja, antes de o novo governo ter sido empossado) e outra, convocada para dia 29 desse mês pelo Sindicato Nacional do Corpo de Guardas Prisionais (SNGCP), foi desconvocada. Para este mês estão convocadas 42 greves. Olhando para os dados da DGAEP, é possível ver ainda que, destas 42, três são por tempo indeterminado (duas no setor da justiça e uma na cultura). Isto significa que, se no mês passado as greves foram só até ao dia 30, em maio isso não acontece.
Há ainda casos de paralisações convocadas para este mês e que terminarão, previsivelmente, já no próximo. Por exemplo, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Serviços e de Entidades com Fins Públicos (STTS) convocou uma greve setorial, envolvendo os trabalhadores do serviço de limpeza urbana do município de Ponte de Lima, que se iniciou a 5 de maio e, se não for desconvocada entretanto, terminará a 30 de junho.
Olhando para os dados, vê-se também que no próximo mês a educação continuará com um aviso de greve à componente não letiva de educadores de infância e professores dos ensinos básico e secundário.
Além das convocadas já depois da tomada de posse, o Executivo sabe que há outras que estão registadas até ao final do ano e que foram convocadas em janeiro de 2024, como uma greve convocada pelo SNGCP que abrange o corpo de guardas prisionais do Estabelecimento Prisional de Lisboa. Outra, em Oeiras, foi acordada para a mesma altura pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Estado, Autarquias e Entidades com Fins Públicos e Sociais (STMO) e é circunscrita apenas ao trabalhadores do município de Oeiras.
Alargando a análise aos dados desde o início do ano, já foram marcadas 216 greves. Em janeiro registaram-se 56 (uma na justiça, por tempo indeterminado, que o governo terá de tentar desmobilizar) e em fevereiro há 49 registos (uma por tempo indeterminado, na administração local).
Educação, saúde e justiça, as áreas críticas
Segundo a base de dados da DGAEP, a educação é o setor com mais greves convocadas desde a tomada de posse: 12 ao todo, só em abril. Em maio o número sobe para 32. Em segundo lugar, em abril, surgem, ex aequo, os setores da justiça e da administração local, com três paralisações programadas cada. Segue-se a saúde, com duas, e a agricultura e alimentação, com apenas uma. Alargando os dados para este mês, a justiça e a administração local convocaram quatro greves (sendo duas também de âmbito regional) e zero na saúde.
Os números podem, no entanto, vir a aumentar. Na sexta-feira, a Frente Comum voltou a deixar críticas ao governo, que acusou de não estar a dar resposta aos problemas da Função Pública, e garantiu que se a situação assim continuar mais ações virão.