Rio pede ao Governo planeamento "urgente" dos critérios para desconfinar
O presidente do PSD, Rui Rio, defendeu esta quarta-feira ser "absolutamente vital" que o Governo apresente um plano que determine, ouvidos os técnicos, em que circunstâncias e com que critérios o país pode desconfinar.
Em declarações aos jornalistas na sede nacional do PSD, no final de uma audiência com o Presidente da República por videoconferência, Rui Rio considerou que essa é uma tarefa "urgente". "Para fazer um plano, hoje já é tarde", alertou.
O líder social-democrata salientou que o importante não é definir qual é "o dia, mês ou semana" em que se inicia o desconfinamento, mas quais os critérios que o país tem de atingir para o fazer, em número de casos, de internados em enfermaria e cuidados intensivos e no índice de transmissão.
Rui Rio defendeu que o Governo já dispõe, esta quarta-feira, de dados suficientes para definir esse plano e, questionado porque não o tem ou não o apresenta, atribuiu-o a incapacidade.
"Posso-me deitar a adivinhar e direi que é por incapacidade, se eu fosse primeiro-ministro não concebo estar numa situação destas e não ter objetivos definidos e não saber para onde estou a caminhar", afirmou.
Questionado se tem expectativas que esse plano possa ser apresentado em breve, Rio respondeu afirmativamente. "Tenho a expectativa porque, através desta pressão que nós estamos a fazer, que admito que outros estejam a fazer, e que o próprio Presidente da República faça, o Governo vai acabar por ter de mostrar um planeamento", defendeu.
Ainda assim, o voto favorável do PSD à renovação do estado de emergência na quinta-feira não está em causa. "O estado de emergência não são as medidas que o Governo toma, é o quadro legal de que necessita, tenho é de pressionar o Governo para as tomar e não tirar esse instrumento básico", disse.
O líder do PSD defendeu ainda que, se os indicadores da epidemia se inverterem e se quebrar a tendência positiva dos últimos dias, o Governo deve ponderar um desconfinamento diferenciado por distritos ou até concelhos, admitindo que até as escolas possam abrir em momentos diferentes pelo país. "Se puder rapidamente despenalizar os jovens de Évora e de Beja, porque não o devo fazer?", questionou.
O secretário-geral adjunto do PS considerou esta quarta-feira que a atual situação sanitária do país exige a continuação do confinamento geral e advertiu que pressões para o desconfinamento conduzem a precipitações na contenção da covid-19.
Esta posição foi assumida por José Luís Carneiro em conferência de imprensa, no final de uma audiência com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, por videoconferência, sobre o eventual prolongamento do estado de emergência por novo período de 15 dias até 16 de março.
"A evolução dos indicadores da pandemia é positiva, mas continua a exigir cuidados redobrados. Os indicadores de contágio baixaram, o índice de transmissibilidade está no nível mais baixo desde o arranque da pandemia e, por outro lado, a vacinação está a decorrer de acordo com as metas previstas, mantendo-se a expectativa de até ao fim de setembro haver 70% da população imunizada", apontou o "número dois" da direção do PS.
No entanto, de acordo com José Luís Carneiro, "o recurso aos cuidados hospitalares" e o número de doentes em cuidados intensivos, embora tenham diminuído, "continuam a ter níveis muito significativos".
"Esta pressão sobre a capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde em termos de cuidados intensivos e de cuidados hospitalares exige que se continue com o confinamento. Essa é a maior garantia de uma resposta segura e eficaz aos doentes de covid-19 e para garantir que a capacidade de resposta eficiente aos doentes não covid-19", sustentou.
O secretário-geral adjunto do PS criticou depois os setores que estão a pedir ao Governo medidas de desconfinamento do país.
"Os portugueses têm vindo a fazer grandes sacrifícios e não podemos deitar por terra esse esforço que tem vindo a ser feito. Temos de evitar que as pressões conduzam a precipitações", advertiu.
José Luís Carneiro adiantou que o Governo está a preparar com autoridades de saúde o plano de desconfinamento, "observando os indicadores, procurando verificar se eles se consolidam e extraindo conclusões tão sólidas quanto possíveis para decidir sem precipitações".
"Importa garantir que os apoios sociais e económicos continuem a chegar às pessoas, às famílias e às empresas", acrescentou.
A coordenadora do BE, Catarina Martins, acusou esta quarta-feira o Governo de, ao contrário do povo português, não ter cumprido as suas obrigações na resposta à pandemia, criticando os atrasos nos apoios e a ausência de um plano de desconfinamento.
"O que sabemos hoje é que o povo português cumpriu na sua obrigação de controlar a pandemia. Infelizmente o Governo não cumpriu porque os apoios sociais e apoios à economia tardam a chegar e este tem sido um confinamento muito pesado, não cumpriu porque não temos ainda um plano de desconfinamento", criticou.
Catarina Martins falava aos jornalistas na sede nacional do BE, em Lisboa, após reunir-se por videoconferência com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a propósito do novo decreto presidencial para a renovação do estado de emergência.
Assumindo uma "divergência clara" com o Governo em relação ao plano de desconfinamento, a líder do BE defendeu a necessidade de dar "algum horizonte ao país sobre as possibilidades de reabertura e os meios para essa reabertura".
"Nenhum Governo pode seriamente dizer em que dia é que vai reabrir que atividade. Isso seria irresponsável. (...) O que nós gostávamos de saber é qual é o plano que o Governo tem para as escolas e para toda a economia, seguramente, mas as escolas são neste momento uma prioridade face à situação muito frágil em que se encontram as crianças, os jovens, as famílias", apelou.