Queixa contra João Oliveira. PS desafiado a colocar PCP no mesmo patamar do Chega
Deputado do PSD Nuno Carvalho apresentou queixa contra o deputado comunista por ter associado presidente ucraniano à incorporação de nazis nas forças armadas do país.
O desafio de Nuno Carvalho vai direitinho para o PS, depois de ter apresentado queixa contra o ainda líder parlamentar do PCP João Oliveira à Comissão para a Igualdade e contra a Discriminação Racial por, entre outras coisas, o comunista ter dito em entrevista ao Público que o presidente ucraniano "aceitou incorporar nazis nas forças armadas". "O que é que o PS tem a dizer disto? Não dialoga com o Chega e vai ou não ouvir o PCP, nomeadamente durante o debate do Orçamento do Estado para 2022, e não o trata como um partido extremista?"
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O facto de o deputado comunista se ter demarcado, nessa entrevista, publicada na semana passada, de Volodymyr Zelensky, a quem acusou de bombardear civis na zona de Donbass e de pactuar com a "limpeza étnica" de ucranianos russófonos, levou Nuno Carvalho a avançar com a queixa, na expectativa de "que vá por diante e o deputado seja sancionado", diz ao DN.
Na queixa entregue à Comissão para a Igualdade, Nuno Carvalho escreve: "João Oliveira faz várias referências à presença de uma ideologia nazi na Ucrânia, associando essa presença aos atuais símbolos de resistência do país à invasão militar impulsionada pela decisão do presidente da Rússia, Vladimir Putin."
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Esta associação, sublinha o deputado social-democrata, "designadamente ao presidente da Ucrânia e forças militares, num momento em que ocorre o envolvimento de vários civis no conflito militar e em que o presidente ucraniano é considerado (tal como referido por João Oliveira) um "herói nacional" representa uma declaração que propicia uma discriminação em função da sua nacionalidade aos milhares de ucranianos envolvidos no combate à invasão ilegal à Ucrânia, bem como a toda a comunidade ucraniana residente em Portugal".
Oliveira rejeita acusações
Ao DN, João Oliveira reagiu por escrito a estas alegações: "Rejeito em absoluto essas acusações. Nada do que foi dito [as] autoriza e elas só podem ser entendidas como uma forma de condicionar o direito de opinião e impedir a denúncia da ação, que está até documentada, de forças nazis e fascistas."
Nuno Carvalho considera que o PCP não mudou de postura nem é um partido diferente do que era, mas com esta invasão da Ucrânia tornou "mais visível o seu pensamento". Pelo que insiste na necessidade de o PS, que teve o apoio dos comunistas para a governação, clarificar como se posiciona agora perante estas declarações sobre o conflito. "Será que o PS vai normalizar novamente o PCP?", questiona e considera que "o debate do Orçamento do Estado é uma excelente oportunidade para ver se o PCP é tratado como o Chega".
Passados vários dias da invasão da Ucrânia, o secretário-geral do PCP veio dizer que o seu partido "não apoia a guerra" e classificou de "uma vergonhosa calúnia" a contestação que tem sido feita à posição do partido em relação ao conflito na Ucrânia, referindo que "tem servido para uma nova campanha anticomunista".
Jerónimo falava no domingo no comício de celebração dos 101 anos do partido, no Campo Pequeno, onde garantiu que "o PCP não tem nada que ver com a Rússia e com o seu presidente. A opção de classe do PCP é oposta à das forças políticas que governam a Rússia". Mas referiu ainda que a solidariedade e a ajuda humanitária aos povos "não se pode confundir com o apoio a grupos fascistas ou neonazis". Para o líder do PCP, "o golpe de Estado de 2014" foi promovido pelos EUA, e permitiu a grupos "xenófobos e belicistas" chegar ao poder na Ucrânia.
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