PS segue sólido na frente e liberais aproveitam vazio de poder no PSD
As legislativas já foram há três meses; a guerra da Ucrânia começou há dois; o governo tomou posse há um; o Orçamento do Estado foi apresentado há duas semanas. Nada que abale as preferências dos eleitores. De acordo com uma sondagem da Aximage para o DN, JN e TSF, o PS continua destacado na liderança (40,7%), com o PSD um pouco mais longe (25,2%) e em perda para o Iniciativa Liberal (7,9%), que passa o Chega (7,8%).
O vazio de poder nos sociais-democratas - Rui Rio está de saída - parece ter sido o único (não) acontecimento a forçar um movimento eleitoral. Quando se comparam os resultados de janeiro passado com esta sondagem, as oscilações não ultrapassam as décimas. Com duas exceções: o PSD perde quatro pontos percentuais, enquanto o Iniciativa Liberal cresce três. Parece confirmar-se o aforismo: a política tem horror ao vazio.
O único movimento significativo faz-se, portanto, dentro de um mesmo bloco político (e inclui a ultrapassagem dos liberais ao Chega) e sem qualquer efeito nos restantes. O conjunto da direita parlamentar (sem o CDS) continua a valer o mesmo que os socialistas: cerca de 41 pontos, tal como há três meses. Um empate percentual que, como se sabe, não tem equivalência no número de deputados, uma vez que o PS conseguiu a maioria absoluta (120, contra 97 à direita).
À esquerda do PS também permanece tudo igual, com PCP (4,1%), BE (4%) e Livre (1,5%) a somarem um pouco menos de 10 pontos percentuais, ou seja, sem que bloquistas e comunistas deem qualquer sinal de que é possível recuperar do colapso das legislativas (no conjunto, os três partidos ficaram reduzidos a 12 deputados). O PAN está igualmente congelado (1,5%) e o CDS dá sinais ténues (mais seis décimas) de melhoria (2,2%).
Quando se analisam as cinco "regiões" em que se divide a amostra, percebe-se que a vantagem socialista é maior no Centro e Sul do país, com destaque para a Área Metropolitana de Lisboa: capta quase metade das preferências (47,2%) e é também aqui que a distância para o PSD é maior (26 pontos). O melhor resultado dos sociais-democratas, confirmando uma tendência já registada no ciclo político anterior, é na região Norte (33,6%).
O terceiro lugar é distribuído pelos maiores entre os mais pequenos: o Chega, de André Ventura, no Centro e em Lisboa, e o Iniciativa Liberal, de João Cotrim de Figueiredo, na Área Metropolitana do Porto, no Sul e ilhas e no Norte. O melhor resultado do PCP é, por agora, no Centro, o do BE no Porto, o do CDS no Sul e ilhas, o do PAN em Lisboa e o do Livre no Norte.
Se o ângulo de análise se focar nas faixas etárias, conclui-se que tanto o apoio aos socialistas como a distância que os separa do PSD vai aumentando com a idade do eleitor: nos que têm 65 ou mais anos o PS marca 52,7% e está 28 pontos acima dos sociais-democratas, que revelam uma grande estabilidade nos quatro escalões em que se divide a amostra.
Também nestes segmentos o terceiro lugar é sempre dividido entre liberais e radicais de direita, com vantagem para os primeiros, que vão à frente entre os mais jovens (18/34 anos) e nos dois grupos etários mais velhos (50 em diante). Para o Chega fica o último lugar do pódio na faixa dos 35/49 anos. BE, PAN e Livre estão melhor nos dois grupos mais jovens, o PCP nos dois mais velhos, com o CDS, a exemplo do PSD, sem grandes oscilações.
Um destaque final para algumas divisões de género, sendo que o barómetro atual confirma algumas das tendências mais sólidas dos anteriores. Desde logo, o pendor marcadamente masculino dos eleitorados do Chega e do PCP.
Em ambos os casos, o eleitorado masculino vale nesta altura três vezes mais do que o feminino. Ao contrário, no PAN o desequilíbrio é no sentido feminino (elas valem quatro vezes mais do que eles). Nos restantes partidos o equilíbrio é desta vez a norma.
FICHA TÉCNICA DA SONDAGEM
A sondagem foi realizada pela Aximage para o DN, TSF e JN, com o objetivo de avaliar a opinião dos portugueses sobre temas relacionados com a atualidade política.
O trabalho de campo decorreu entre os dias 12 e 18 de abril de 2022 e foram recolhidas 807 entrevistas entre maiores de 18 anos residentes em Portugal.
Foi feita uma amostragem por quotas, obtida através de uma matriz cruzando sexo, idade e região (NUTSII), a partir do universo conhecido, reequilibrada por género, grupo etário e escolaridade. Para uma amostra probabilística com 807 entrevistas, o desvio padrão máximo de uma proporção é 0,017 (ou seja, uma "margem de erro" - a 95% - de 3,45%).
Responsabilidade do estudo: Aximage Comunicação e Imagem, Lda., sob a direção técnica de Ana Carla Basílio.