Portugal e Brasil dizem que cabo ótico submarino "vai dar muitos frutos"

Este cabo, com seis mil quilómetros através do Oceano Atlântico, foi inaugurado esta terça-feira pela presidência portuguesa do Conselho da União Europeia. António Costa diz tratar-se de um projeto "da maior importância estratégica" para a Europa e para Portugal.

O cabo ótico submarino EllaLink, que liga a Europa à América do Sul, através de Portugal e Brasil, é inovador e "vai dar muitos frutos nos próximos 25 anos", destacaram esta terça-feira ministros de ambos os países.

Este cabo ótico submarino, com seis mil quilómetros, pelo Oceano Atlântico, foi hoje inaugurado pela presidência portuguesa do Conselho da União Europeia (UE), numa cerimónia em Sines (Setúbal), o seu ponto de amarração do lado europeu, estando o outro lado ligado em Fortaleza, no Brasil.

Para o ministro português de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, trata-se de "uma iniciativa inovadora" e que "marca bem a aposta que a UE está a fazer para liderar, na próxima década, a economia e a sociedade digital no mundo".

Na presença do primeiro-ministro, António Costa, o ministro da Economia discursava na sessão que assinalou a inauguração da infraestrutura, no âmbito do evento "Leading the Digital Decade" [Liderar a Década Digital], que decorre hoje e na quarta-feira em Sines.

Uma liderança no digital que a União Europeia pretende fazer com a aposta "na qualificação dos europeus, na capacitação das empresas, na digitalização da administração pública" e, ao mesmo tempo, "de uma forma também aberta ao mundo e cada vez mais interconectada".

Além de salientar "a importância da presença de tecnologia portuguesa no desenvolvimento da arquitetura tecnológica" da estação de amarração na cidade do litoral alentejano, Siza Vieira assinalou que o cabo vai "permitir o desenvolvimento de negócios" e de "novos modelos de desenvolvimento da economia digital". E "era uma infraestrutura fundamental para assegurarmos a cooperação científica e a cooperação tecnológica entre os dois continentes", a Europa, através de Portugal, e a América, neste caso a América do Sul, através do Brasil.

Também presente na sessão, o ministro brasileiro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marcos Pontes, considerou tratar-se de "um dia muito feliz", pelo estabelecimento desta "conexão física" entre o seu país e Portugal.

E manifestou-se seguro de que o cabo submarino de dados "vai dar muitos frutos nos próximos 25 anos", permitindo um "maior desenvolvimento entre todos estes países" envolvidos.

"Seja através da conexão digital, seja através da ciência, da tecnologia e das inovações" que a infraestrutura vai possibilitar, através do tráfego de dados, afirmou.

O EllaLink, que constitui a primeira ligação direta de alta velocidade por cabo submarino entre a Europa e a América do Sul, é considerado pela presidência portuguesa do Conselho da UE "uma infraestrutura essencial para a interconexão digital e a transmissão de dados entre os dois continentes".

O evento "Leading the Digital Decade", coorganizado pela presidência portuguesa e pela Comissão Europeia, tem a participação de representantes de "vários Estados-membros da UE, do Parlamento Europeu e da Comissão Europeia, além de representantes do setor privado e da sociedade civil".

O objetivo é "promover um debate alargado em torno da transformação digital da UE", tendo como base os objetivos da Década Digital, iniciativa apresentada pela Comissão em março para garantir que todos os cidadãos europeus podem beneficiar do digital.

António Costa: "É da maior importância estratégica"

O primeiro-ministro, António Costa, apontou o cabo ótico submarino EllaLink como "da maior importância estratégica" para a Europa e para Portugal, que é um "ponto de amarração" entre o continente europeu e os outros continentes.

"A nossa posição geográfica fez de nós no passado, faz de nós hoje e fará de nós no futuro algo que é muito importante, que é sermos uma porta de entrada, um ponto de ligação, uma ponte, um ponto de amarração entre a Europa e os outros continentes", disse o chefe do Governo.

Em Sines, na cerimónia de inauguração do cabo ótico submarino EllaLink, que liga a Europa à América do Sul, António Costa argumentou que é este posicionamento que "faz a diferença de Portugal na Europa" e exemplifica o contributo do país para o "enriquecimento da Europa".

"É podermos fazer esta ligação e esta abertura da Europa aos outros continentes. Podemo-lo fazer pela história, pela língua, pela cultura", mas, agora, "também o podemos fazer fisicamente, através deste cabo", vincou.

Por isso, segundo o primeiro-ministro, o investimento privado efetuado pela EllaLink, "é da maior importância estratégia para o conjunto da Europa, mas também para Portugal e, seguramente, para Sines".

Aludindo ao megacentro de armazenamento de dados informáticos que vai "nascer" nesta cidade do litoral alentejano, da empresa start campus, em cuja cerimónia de apresentação participou a 23 de abril, o primeiro-ministro afiançou que Sines vai beneficiar de outros projetos.

"Sabemos que outros cabos [óticos submarinos] vêm a caminho e ouros 'data centers' vêm a caminho. Isso significará que Sines vai ser, não só um grande porto de mercadorias físicas, mas também um grande porto de dados" e "do conhecimento", destacou.

Na inauguração do 'EllaLink', cerimónia integrada no evento "Leading the Digital Decade", coorganizado pela presidência portuguesa do Conselho da União Europeia (UE) e pela Comissão Europeia, António Costa considerou que a ligação deste cabo em Sines, onde fica amarrado, ligando a Fortaleza (no Brasil), "é muito importante e simbólica para um país como Portugal".

"Todos dizemos que na era digital a desmaterialização do espaço faz com que não haja nem centro, nem periferia", mas esta "não pode prescindir da existência de uma infraestrutura" e, aí, "a geografia volta a contar", notou.

"E não é por acaso que foi daqui que se iniciou a primeira era da globalização", que Sines "é um dos maiores portos da União Europeia" e "o ponto de amarração do lado europeu deste cabo que atravessa o Atlântico", realçou Costa.

Felicitando a EllaLink pelo "investimento, visão e ambição" neste projeto, com um cabo "de seis mil quilómetros de extensão ligando dois continentes", o chefe do Governo disse que há "uma enorme oportunidade que se abre" no novo espaço digital, assente na conectividade, que "é fundamental" e permite a partilha de dados e o trabalho em conjunto entre as comunidades científicas.

Costa destaca comunidade cientifica como inspiração

António Costa, destacou o exemplo da parceria entre a comunidade científica, na descoberta de novas vacinas contra a covid-19, como inspiração para as potencialidades do cabo submarino EllaLink.

"Se estão hoje a desenvolver-se ainda várias vacinas, um pouco por todo o mundo, isso deve-se ao facto de a comunidade científica ter sido capaz de trabalhar em conjunto, sem fronteiras. Um país sozinho não teria desenvolvido a sua vacina", sublinhou o chefe do Governo, na inauguração do cabo submarino 'EllaLink', no âmbito da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia (UE), em Sines (Setúbal).

Segundo o primeiro-ministro, o "exemplo que a comunidade científica nos deu de partilhar conhecimento, de partilhar dados, de trabalhar em conjunto" é o que "inspira precisamente aquilo que este cabo vai hoje tornar possível fazer no dia-a-dia e no futuro". "Esperemos que sem covid-19, mas seguramente com imensas oportunidades que existem para avançarmos no conhecimento", frisou durante o evento "Leading the Digital Decade" [Liderar a Década Digital], que decorre naquela cidade do litoral alentejano.

Reforçando o papel da conectividade na Europa, António Costa, recordou ainda "parceria digital", firmada na cimeira entre a União Europeia e a Índia, que é "uma das grandes potências digitais do mundo, uma das grandes potências científicas do mundo".

E, tal como "estamos ligados agora à comunidade científica da América Latina", através do novo cabo ótico, "queremos estar ligados, ainda que sem ser por cabo, à comunidade científica indiana", insistiu o primeiro-ministro.

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