Sondagem. O socialista Marcelo e o empréstimo do PSD a Ventura

Quase metade dos eleitores do Presidente da República votariam PS em legislativas.
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Para além do próprio, quem terá mais razões para reivindicar a vitória de Marcelo? É certo que o Presidente da República é militante do PSD e que se reivindica do campo da direita social. Mas é impossível negar que o PS teve uma quota-parte de um resultado histórico (incluindo o apoio implícito de António Costa a partir do lançamento da candidatura na mediática visita à Autoeuropa, em maio passado).

Quando se analisa o mapa de transferências de votos entre presidenciais e legislativas, fica claro que quase metade do eleitorado do Presidente reeleito seguiria para o PS e para António Costa, o que parece dar razão a Carlos César, que, durante a noite eleitoral, reivindicou parte do crédito da reeleição para o seu partido. Acrescem os quase 40 pontos que seguem diretamente para o PSD, o que faz de Marcelo o mais sólido representante do centro político.

Outro candidato para o qual é bastante reveladora a análise ao mapa de transferências é André Ventura: é aqui que reside, aliás, a explicação para a diferença de resultados entre as presidenciais de domingo e umas eleições legislativas virtuais: seis em dez eleitores de Ventura ficam no Chega, mas um terço "regressa" ao PSD. O empréstimo social-democrata é ainda mais evidente no caso do liberal Tiago Mayan Gonçalves, uma vez que cerca de metade dos seus eleitores voltam ao que parece ser o partido de origem.

No caso de Ana Gomes, e sem surpresas, sete em dez dos seus eleitores escolheriam o PS, distribuindo-se os restantes, no essencial, por CDU, BE e até PSD. Os eleitorados de João Ferreira e Marisa Matias continuariam com os partidos de origem dos candidatos, mais um dado que denuncia a natureza vincadamente partidária dos dois candidatos mais à esquerda.

FICHA TÉCNICA

A sondagem foi realizada pela Aximage para o DN, JN e para a TSF, com o objetivo de avaliar a opinião dos portugueses sobre temas relacionados com a atualidade política. O trabalho de campo decorreu entre os dias 9 e 15 de janeiro 2021 e foram recolhidas 1183 entrevistas entre maiores de 18 anos residentes em Portugal. Foi feita uma amostragem por quotas, com sexo, idade e região, a partir do universo conhecido, reequilibrada por sexo, idade, escolaridade e região. À amostra de 1183 entrevistas corresponde um grau de confiança de 95% com uma margem de erro de 2,8%. A responsabilidade do estudo é da Aximage Comunicação e Imagem, Lda., sob a direção técnica de José Almeida Ribeiro.

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