Volt: "O nosso objetivo é um ou dois deputados"
O líder do Volt Portugal diz que se o partido conseguir representação parlamentar nas eleições estará disposto a negociar apoio à governabilidade tanto com o PS como com o PSD.
Foi cabeça de lista pelo Volt em Lisboa nas recentes eleições autárquicas e não conseguiu ser eleito. Tem expectativa agora de um melhor resultado eleitoral nas legislativas?
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Já temos a experiência adquirida nas autárquicas, foi o partido sem representação parlamentar que teve o resultado melhor e isso dá-nos esperanças em relação às eleições. E neste momento o Volt já é mais conhecido do que era na altura das autárquicas. Na verdade não houve muito tempo entre uma eleição e a outra, este não seria obviamente o timing perfeito para um partido pequeno e ainda em fase de conhecimento, se fosse daqui a um ano seria melhor, mas temos de ir à luta e temos alguma esperança de conseguir representação no Parlamento.
As autárquicas serviram para dar a conhecer o partido transnacional, que é federalista e pró-europeu?
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Também. Mas o nosso grande objetivo nas autárquicas, quer em Lisboa, Porto e Tomar, onde fomos sozinhos, era apresentar o nosso programa. Programa em que tínhamos propostas para resolver os problemas concretos das cidades, com as boas práticas de outras cidades europeias. Claro que essas eleições também serviram para nos dar a conhecer. Os cartazes, por exemplo, tiveram um grande impacto nesse sentido.
Como foi possível a um pequeno partido organizar listas concorrentes a 19 círculos eleitorais?
Só não concorremos a Bragança, Castelo Branco e Madeira. A nossa mandatária nacional, Ana Carvalho, ajudada por outras pessoas, teve essa capacidade. E já temos membros por todo o País. No interior as listas são muito pequeninas, têm três mandatos mais suplentes, portanto com cinco ou seis pessoas consegue-se formar lista. Nos distritos maiores, casos de Lisboa, Porto, Braga, Aveiro e Setúbal, aí foi mais complicado do que no interior.
Tem dito que o Volt não tem amarras nem à esquerda nem à direita. Mas como é que o eleitorado pode percecionar diferenças em relação ao PS e PSD, por exemplo?
Nós não estamos preocupados com o espetro político clássico, saído da Revolução Francesa, da esquerda ou direita, mas somos pragmáticos e achamos que no século XXI essa divisão faz menos sentido, até porque há pontos em que se misturam, a esquerda moderada e a direita moderada concordam em muita coisa, a dicotomia que faz mais sentido para nós é a progressistas ou conservadores e nós estamos do lado dos progressistas. Se nos quiseram colocar um carimbo no espetro clássico, estamos claramente ao centro, somos um partido moderado, que rejeita os populismos, os extremismos e os nacionalismos.
E o que seria um bom resultado para o Volt?
O nosso objetivo é um ou dois deputados e se assim acontecer vamos pedir para nos sentar entre o PS e o PSD.
Então se houver uma maioria relativa do PS ou do PSD, o Volt se eleger admite dar apoio a qualquer um dos partidos a nível parlamentar? O Chega está fora do arco de possibilidades de entendimento político?
Sim, se ganhar o PS e o Volt fazer a diferença para um governo PS, tentaremos negociar. O mesmo acontecerá se ganhar o PSD, estaremos abertos a falar. E sim, rejeitamos os extremos. O Chega não é hipótese para qualquer tipo de negociação ou para pertencer a um Governo ou a um qualquer acordo. Tal como não o faremos com o PCP, mas por razões diferentes. Consideramos que o PCP é um partido histórico, com um papel de luta contra o Estado Novo e a ditadura salazarista e respeitamos isso, mas somos um partido europeísta, temos o Volt em países de Leste que sofreram muito com as ditaduras comunistas até à queda do Muro de Berlim.
Que bandeiras leva o Volt para a campanha eleitoral?
Teremos propostas sobre as alterações climáticas. Queremos que se inicie o processo de regionalização, a reforma eleitoral, queremos igualdade nas licenças de parentalidade, a eficiência dos serviços públicos e diminuir a burocracia, uma maior digitalização da administração pública, creches e jardins de infância gratuitos para todas as crianças, reforçar o número de psicólogos nas escolas, investir na construção de alojamentos para professores e estudantes, reduzir as listas de espera na saúde, reforçar a rede de cuidados de saúde mental. Queremos também investir na formação das forças policiais para lidar com os crimes de ódio e implementar o sistema de delação premiada no campo da corrupção. Batemo-nos por incentivos para as empresas inovadoras e no campo das alterações climáticas reforçar a rede ferroviária, integrando Portugal na rede de alta velocidade europeia. Queremos harmonizar as regras laborais a nível europeu e o fim de estágios não remunerados. Reduzir as taxas de IRC para 20% e queremos implementar mais projetos-piloto de RBI, a abolição das terapias de conversão de pessoas LGBTIQ+, investir na habitação pública sustentável, queremos a redução dos gases com efeitos estufa de 80% até 2030, queremos acabar com todos os subsídios para combustíveis fósseis, queremos que seja incluída a energia nuclear na taxonomia verde da UE. Em Portugal nenhum partido quer falar disto ou é contra, mas nós achamos que o nuclear pode ser um meio para atingirmos a descarbonização.
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