Marcelo e a fuga de informação sobre ministros: "O que passou, passou..."

Presidente da República anunciou que Costa terá de ser nomeado ministro dos Negócios Estrangeiros interina e provisoriamente e explicou que audiência com o primeiro-ministro deixou de fazer sentido após a divulgação dos nomes dos ministros pela comunicação social.
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Um dia após ter lamentado saber pela comunicação social os nomes dos ministros do próximo Governo, Marcelo Rebelo de Sousa desvalorizou o assunto e justificou o cancelamento da audiência com o primeiro-ministro António Costa.

"Sucedeu o que eu tinha dito. Conhecido o elenco dos ministros através da comunicação social, uma vez que se tratava só de ministros, veio a confirmação por parte do primeiro-ministro de todos menos um, que foi retificado. Como eu tinha uma reunião e o primeiro-ministro tinha de ir para Bruxelas, a audiência foi cancelada", afirmou o Presidente da República, à entrada para um colóquio sobre crises estudantis na Aula Magna da Universidade de Lisboa.

"Na medida que a lista de ministros vinha na comunicação social e foi confirmada, deixou de fazer sentido a audiência. Acontece na vida. O que passou, passou... Se havia a correspondência de uma lista avançada pela comunicação social à realidade, não fazia sentido uma audiência numa altura em que o primeiro-ministro está ocupado", reforçou.

Marcelo Rebelo de Sousa disse ainda que terá de nomear "um ministro dos Negócios Estrangeiros interino durante uns dias, porque o atual ministro [Augusto Santos Silva] terá de estar presente no Parlamento para eventualmente ser eleito presidente da Assembleia da República". António Costa deverá, por isso, ser nomeado interinamente ministro dos Negócios Estrangeiros. "É vulgar o primeiro-ministro assumir transitoriamente", disse o presidente. E terá um secretário de Estado interino.

Marcelo voltou a apontar a próxima quarta-feira, 30 de março, como a data para a tomada de posse do novo Governo.

Na quarta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa mostrou-se insatisfeito pelo facto de a lista de novos ministros ter sido praticamente tida divulgada pela comunicação social antes de a receber do primeiro-ministro.

"Se aquilo que corre na comunicação social for confirmado, dispensa-se uma audiência [com o primeiro-ministro]. Pelos vistos, fiquei a saber pela comunicação social", declarou Marcelo Rebelo de Sousa, à porta do Palácio de Belém, em declarações à SIC Notícias.

O presidente acabou por cancelar a audiência que tinha agendada com António Costa.

Mais tarde, o primeiro-ministro disse "partilhar da mesma irritação" que o Presidente da República pela "fuga de informação" sobre a composição do novo Governo e rejeitou um mal-estar entre São Bento e Belém.

"Obviamente, eu só posso partilhar da mesma irritação que o Presidente da República. Todos sabemos que deve haver normas institucionais. Os jornalistas conseguiram a fuga de informação, só tenho de dar os parabéns a quem fez a fuga", disse António Costa, acrescentando que "é lamentável que tenha acontecido".

Interpelado sobre se há um mal-estar entre o Governo e a Presidência da República, o primeiro-ministro respondeu "não".

"Estive várias horas ao lado do Presidente da República hoje [quarta-feira] e não manifestou nenhuma irritação. Se ele estiver irritado, eu percebo bem, porque não estou menos irritado do que ele. Se há uma coisa de que tenho a certeza que o Presidente da República sabe é aquilo que os senhores jornalistas também sabem. A fuga não veio de mim, não veio do meu gabinete, não veio de ninguém que dependa de mim", concluiu.

O Presidente da República anunciou esta quinta-feira que vai estar presente, durante a tarde de sexta-feira, na consagração da Rússia e da Ucrânia, em Fátima, para participar no "apelo à paz universal".

"É muito importante que os vários responsáveis portugueses, que têm estado sempre alinhados continuem alinhados em relação à Ucrânia", sustentou Marcelo Rebelo de Sousa, à chegada à Reitoria da Universidade de Lisboa, para intervir no colóquio "Primaveras Estudantis: da crise de 1962 ao 25 de Abril".

"Amanhã irei à consagração em Fátima, feita em simultâneo com a consagração pelo Papa Francisco, a meio da tarde. É, no fundo, uma consagração pela paz e um apelo à paz universal", prosseguiu o chefe de Estado, completando que "o corpo diplomático também foi todo ele convidado".

Na sexta-feira, a Rússia e a Ucrânia, que estão em guerra há precisamente um mês, vão ser consagrados ao Imaculado Coração de Maria, durante a Celebração da Penitência.

O Papa Francisco convidou bispos em todo o mundo a unirem-se para uma oração pela paz. A Celebração da Penitência tem início previsto para as 17:00 de Roma (18:00 em Lisboa), na Basílica de São Pedro, e a consagração terá lugar pelas 18:30 locais (19:30 em Lisboa), de acordo com a informação disponibilizado pela Vatican News, o portal de notícias oficial do Vaticano.

Os chefes de Estado e de governo dos países-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) reúnem-se presencialmente hoje, um dia depois do início da invasão da Rússia pela Ucrânia, 24 de fevereiro, e está prevista a participação, por videoconferência, do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

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