Têm menos de 30 anos (ou precisamente essa idade) mas, além de um futuro promissor, têm cartas dadas na vida política. Não sentem pudor em opor-se aos seus partidos, quando consideram que devem fazê-lo, apesar de depois assumirem ações concertadas, e é mais fácil encontrar mais jovens nas bancadas à direita do que à esquerda. Por este motivo, no que diz respeito ao PCP, o DN conversou com Inês Guerreiro, que não é deputada, nem tem essa “ambição”, mas reserva uma esperança concreta para o futuro: “Morrer num mundo melhor do que aquele” em que nasceu.Com 23 anos, é a figura menos conhecida neste texto, mas entrou para a Juventude Comunista Portuguesa aos 14 anos. Foi uma construção, disse ao DN, e foi consequência de ter identificado na escola “injustiças” que não suportava. “Já tinha participado na festa do Avante! e em algumas manifestações, mas nunca tinha tido essa vontade”, diz sobre a génese da sua militância. Agora, desde o XXII Congresso, Inês Guerreiro é a mais nova a integrar o Comité Central do PCP.“Cumprir o projeto de Abril” é a sua maior esperança para 2025 e, sobre discordâncias com camaradas, a jovem comunista diz que são constantes, mas não recorda nenhuma. Porém, “independentemente das diferenças de pensamento”, há “unidade na ação”, garante. Por isso, elege como causa principal o aumento de “salários e pensões, por uma vida melhor”, mas não por via fiscal, até porque considera que isso seria “desviar a conversa” do que é essencial, para além de ser um ataque aos serviços públicos.Já nos meandros do hemiciclo, o DN falou com a deputada do Chega Rita Matias, que durante algum tempo foi a mais jovem parlamentar em Portugal. Agora, aos 25 anos, afirma que os seus colegas de bancada a conhecem mais pela “honestidade e frontalidade”. É por isso que não hesita em assumir que a sua maior discordância face ao Chega é “o tema Israel-Palestina”, lembrando que desenvolveu uma “atividade profissional anterior com refugiados da Palestina”. Sobre este conflito, diz sentir “genuinamente que [as pessoas] estão ali entre dois gigantes”: Israel e “o gigante do terrorismo e do fundamentalismo islâmico”, o que “sufoca” a população.Sobre o futuro mais imediato, a deputada do Chega espera que, já em 2025, por haver uma “maioria de direita”, o Parlamento se empenhe mais no “combate à corrupção” e no “alívio fiscal na vida das empresas e dos cidadãos particulares”. Para além disto, Rita Matias destaca “um ponto muito importante”, na qualidade de mulher e “decisora política”: “Travarmos a imigração.”Ainda na bancada da direita, a deputada da IL Patrícia Gilvaz, aos 27 anos, já consegue fazer o balanço das suas concretizações no hemiciclo, que passam, acima de tudo, por ter trazido “para o debate público a saúde mental”.Mas as causas não ficam por aqui. Assume como urgente, afinada com o seu partido, fazer uma “reforma do Estado” e da Educação. Sobre o último assunto, a deputada liberal afirma que o “Sistema Educativo está desatualizado e impreparado para lidar com o futuro”. Também é por este motivo que considera que a maior ameaça política “é o PSD não tomar as medidas que disse que ia tomar durante a campanha eleitoral”, o que gera um alerta à jovem deputada, reiterado várias vezes: “Temos vários jovens a continuar a emigrar.”Também o deputado do PS Miguel Costa Matos, que até há pouco tempo liderava a Juventude Socialista, destaca as reformas de vários setores do Estado como algo que já devia ter sido feito, até pelo seu próprio partido.O socialista de 30 anos assume: “Devíamos ter reformado tanto o Porta 65 Jovem [programa de apoio ao arrendamento] como criado os incentivos à compra da primeira habitação mais cedo.”A observação de Miguel Costa Matos ainda se estende à “construção da habitação pública”, que, admite, “demorou”. E não se fica por aqui: “Devíamos ter feito uma revisão mais rápida das carreiras da Administração Pública”, o que, na sua perspetiva, “teria permitido fixar quadros nos hospitais, nos centros de saúde, nas escolas, na polícia, no INEM”. Esta “falha dos serviços públicos faz falhar a confiança das pessoas no contrato social, na razão pela qual pagam impostos”, conclui.Sobre o que teme para o futuro, o socialista diz que “a maior ameaça é a extrema-direita”, que surge a par da “falta de sonho que existe hoje em dia na política e nos partidos progressistas”.Dentro do PSD, a deputada Eva Brás Pinho, com 25 anos, diz sentir a “responsabilidade” de representar a sua geração, que considera ter sido negligenciada. Para o próximo ano, espera que os sociais-democratas vençam as Eleições Autárquicas, mas também traz consigo a esperança de que o PSD atinja um dos objetivos a que se propôs: “Melhorar salários”, explica.Eva também pretende que se fale mais “da igualdade de género e da representação feminina”. “Que infelizmente ainda não temos”, completa, enquanto ressalva que as mulheres trabalham, em média, mais 48 dias por ano do que os homens.Em relação ao PSD, Eva Brás Pinho lembra uma única discordância: quando o partido, “durante a liderança de Rui Rio, votou pelo fim dos debates quinzenais”.