João Ferreira e o futuro pós-autárquicas: "O que virá depois, depois se verá"

O vereador do PCP não revela o que fará na sua carreira política depois das eleições autárquicas, mas garante que não se quer eternizar nas funções. Na viagem de elevador que fizemos com o candidato à presidência da Câmara Municipal de Lisboa pela CDU, descobrimos que João Ferreira vive atualmente no Lumiar, não muito longe da antiga freguesia da Ameixoeira (atualmente Santa Clara) onde viveu muitos anos.

Mora em Lisboa?

Sim.

Em que bairro?

Moro no Lumiar.

Se for eleito presidente da Câmara Municipal de Lisboa, qual é a primeira coisa que muda na cidade?

Bom, há muita coisa a mudar em Lisboa. Eu diria que o essencial é construir uma visão estratégica e concretizá-la. Esta cidade foi deixada nas mãos do mercado - todo o seu desenvolvimento - e nós temos que fixar objetivos de aumento de habitação acessível, de melhoria da qualidade ambiental na cidade, de aumento da fruição e democratização da fruição da cultura, do desporto, do lazer, do recreio, na cidade. Precisamos de mais e melhores serviços públicos. E, portanto, o conjunto de frentes em que se desenvolve o direito à cidade - é para isso que temos de olhar - mais do que para uma ou outra medida emblemática. Temos de construir essa visão estratégica que Lisboa perdeu. O desenvolvimento da cidade foi deixado nas mãos do especulador imobiliário e com isso todos perdemos. Precisamos diversificar a base económica de desenvolvimento da cidade. Percebemos hoje o prejuízo que foi uma aposta numa espécie de monocultura intensiva do turismo. Temos de ter uma base económica mais sólida, mais diversificada, que crie mais emprego e emprego de qualidade para aqueles que aqui vivem.

O concelho de Lisboa ganha ou perde por ser simultaneamente a capital e a sede do governo?

Durante muitos anos concentramo-nos sobretudo nos prejuízos que daí advinham. Acho que há também potencialidades claras. Concentram-se em Lisboa todo um conjunto de atividades da administração central, em variadíssimos domínios. Mas concentram-se também universidades, laboratórios do Estado e centros de investigação. E isso é um enorme potencial ainda largamente por aproveitar no que isso pode significar como contributo para a tal diversificação da base económica de desenvolvimento da cidade e para assegurar mais e melhores oportunidades, mais e melhores empregos a todos aqueles que vivem, trabalham e estudam em Lisboa.

O que é que não pode prometer aos lisboetas?

Há um compromisso que indiscutivelmente assumimos, que é de construir esta visão de cidade e de a concretizar com os lisboetas. Há uma coisa que está fora de causa - connosco, o bem comum, o interesse coletivo, prevalece sempre sobre interesses individuais. Lisboa foi deixada, demasiadas vezes ao longo destes anos, nas mãos de interesses individuais, que são contraditórios com a defesa do bem comum e do interesse coletivo. O direito à cidade, tem de ser para todos. E é isso que nós queremos construir. Agora isso exige a rutura com um modelo que deixou nas mãos de alguns todo o desenvolvimento da cidade.

Se for eleito presidente da Câmara Municipal de Lisboa, isso será um meio ou um fim na sua carreira política?

Será um período a que eu me dedicarei com a melhor das minhas energias e da minha capacidade. Surgirá na continuidade de um trabalho de oito anos que desenvolvi como vereador, agora será sempre um período delimitado. Espero que seja suficientemente largo para permitir uma transformação positiva da cidade. Não me irei eternizar nessas funções, nessa tarefa. Eu não encaro muito a coisa do ponto de vista da carreira política. São funções públicas, é uma tarefa temporária, na qual eu espero contribuir para uma melhoria da cidade e depois, o que virá depois, depois se verá.

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