Jantar do 50.º aniversário do PSD sem nenhum dos antigos líderes. Situação gera mal-estar
O jantar de celebração do 50.º aniversário do PSD, realizado na noite desta segunda-feira na Estufa Fria, em Lisboa, não contou com a presença de nenhum dos antigos líderes do partido. Um facto que gerou críticas entre militantes sociais-democratas, desvalorizadas ao DN pelo secretário-geral, Hugo Soares, que chamou a atenção para o facto de ter sido apenas o arranque de umas comemorações que vão durar um ano e que terminarão com “uma grande festa”, a 5 de maio de 2025.
Pode ser que nessa ocasião Luís Montenegro esteja rodeado por vários dos seus antecessores na condução do partido, incluindo alguns dos que tiveram a ausência mais notada na Estufa Fria, sobretudo Passos Coelho, que até agora era o último líder do PSD a ser primeiro-ministro. E ainda outros antigos governantes, como Pinto Balsemão, Durão Barroso e Santana Lopes, e o ex-primeiro-ministro e ex-Presidente da República, Cavaco Silva. Entre os cerca de 500 presentes no recinto, o atual presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, e Assunção Esteves, uma das suas antecessoras enquanto segunda figura do Estado, foram figuras de destaque, ao lado de Sebastião Bugalho, cabeça de lista da Aliança Democrática às eleições europeias, e os ministros Paulo Rangel e Leitão Amaro.
Certo é que não houve convites a figuras marcantes da história recente dos sociais-democratas, levando a que se multiplicassem, nos grupos de WhatsApp que juntam militantes, críticas à organização, pois “não é maneira de gerir o protocolo”. E desvalorizações da justificação oficial “de que as celebrações vão continuar e outros presidentes estarão noutras ocasiões”.
“É o retrato de um partido fechado e transformado num grupo de amigos de Luís Montenegro”, defendeu ao DN um antigo deputado do PSD, também ausente no jantar do 50.º aniversário e preocupado com o que considera ser o reflexo na vida interna do partido de uma liderança que, na sequência de “uma vitória pífia” nas legislativas, se comporta “como se tivesse 50% dos votos”. E que faz com que “um Governo que não teve estado de graça” sofra um desgaste diário, que se poderá traduzir na derrota nas eleições europeias e no risco de queda aquando da votação do Orçamento do Estado para 2025.
Além do mal-estar gerado entre sociais-democratas pela ausência dos antigos líderes, também houve dirigentes concelhios que se queixaram de não terem sido convidados para a Estufa Fria - ou sequer informados da realização do jantar. “Muita gente ficou chateada”, garante um autarca social-democrata, enquanto outro militante comenta que, apesar do discurso em contrário feito por Luís Montenegro, “o PSD virou elitista”, na medida em que os militantes não foram convidados, ao contrário de funcionários do partido e próximos da liderança. Num texto publicado na rede social X (ex-Twitter), o ex-conselheiro nacional Zeferino Boal escreveu que deixar de fora os anteriores líderes e milhares de militantes “comprova a mente mesquinha de quem lidera”.
Outras fontes contactadas pelo DN apontam para um problema de desorganização, ao ponto de, poucos dias antes, ter sido considerada a hipótese de o jantar que arrancou as comemorações dos 50 anos do PSD decorrer no Porto: “Não foi por mal. Foi tudo organizado em cima da hora.”