Escorregão de Costa deixa Marcelo mais isolado no topo da popularidade

Primeiro-ministro regista o seu pior resultado de sempre nesta série de barómetros (50%). Presidente da República está bastante mais acima (70%) e, no que toca à confiança, vale agora quatro vezes mais.
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O mês de maio não correu bem ao primeiro-ministro. De acordo com o barómetro da Aximage para o DN, JN e TSF, sofre uma baixa acentuada de popularidade, ainda que mantenha um saldo positivo. A temperatura política não afeta Marcelo Rebelo de Sousa, que está agora 20 pontos acima de António Costa. A diferença acentua-se também no que diz respeito à confiança: quando os portugueses são desafiados a escolher entre um e outro, o presidente da República vale quatro vezes mais do que o líder socialista.

É uma descida quase sem paralelo nesta série de barómetros da Aximage. De abril para maio, António Costa desce nove pontos percentuais nas avaliações positivas e fica com 50%, o seu pior resultado desde julho do ano passado. Ao contrário, as avaliações negativas sobem oito pontos, para os 27%. A única vez em que o primeiro-ministro experimentou uma queda desta dimensão foi em setembro do ano passado, altura em que ficou com o mesmo saldo de 23 pontos (diferença entre avaliações positivas e negativas) que tem agora.

Não é possível afirmar quais são as causas exatas do deslize. Mas é importante notar que o Governo protagonizou, em maio, uma série de casos polémicos, sempre relacionados com a pandemia e a segurança: do surto em Odemira e os problemas com a imigração; passando pelo descontrolo dos festejos do título do Sporting e a subida do número de infeções em Lisboa; até à bolha de segurança para os adeptos ingleses que o Governo prometeu e a realidade desmentiu, durante a final da Champions no Porto.

A sondagem não dá pistas sobre as causas, mas mostra onde se deu a debandada. Em primeiro lugar, os cidadãos mais velhos, que têm sido o alicerce da popularidade do primeiro-ministro: a percentagem de avaliações positivas caiu 23 pontos entre os que têm 65 ou mais anos. Quando se incide na geografia, o destaque vai para a Área Metropolitana do Porto, com uma queda de 19 pontos. Se o ângulo for o género, são sobretudo os homens a manifestar desagrado.

Nos segmentos partidários, há um único grupo que se mantém imutável no apoio a António Costa: os eleitores socialistas dão-lhe 87% de notas positivas. À Esquerda, o saldo ainda é positivo, mas em baixa. Entre os eleitores do PSD, há agora um empate a 38%, enquanto mais para a Direita o saldo é muito negativo.

A base de apoio socialista é o que sobra do património comum que António Costa partilhou durante meses com Marcelo Rebelo de Sousa: têm os mesmos 87% de notas positivas entre os que votam no PS. Se o primeiro-ministro assiste à debandada dos mais velhos, o presidente reforça a sua popularidade neste escalão. Mas, na média geral, ficou praticamente no mesmo lugar, com 70% e um saldo de 60 pontos percentuais.

Com Marcelo a manter níveis estratosféricos e Costa a derrapar, a diferença entre no jogo da confiança também se acentuou: são 40 pontos de diferença, com apenas 12% a optarem por entregar a sua confiança ao primeiro-ministro (perde por muitos até entre os eleitores socialistas).

Na confiança, a vantagem do presidente sobre o primeiro-ministro cimenta-se na região Norte (50 pontos percentuais de diferença), entre os homens (45 pontos), nos mais jovens (48 pontos) e nos mais velhos (47 pontos) e, finalmente, entre os eleitores sociais-democratas (82 pontos).

rafael@jn.pt

FICHA TÉCNICA DA SONDAGEM

A sondagem foi realizada pela Aximage para o DN, JN e TSF, com o objetivo de avaliar a opinião dos portugueses sobre temas relacionados com atualidade política. O trabalho de campo decorreu entre os dias 26 e 30 de maio de 2021 e foram recolhidas 796 entrevistas entre maiores de 18 anos residentes em Portugal.

Foi feita uma amostragem por quotas, com sexo, idade e região, a partir do universo conhecido, reequilibrada por sexo, idade, escolaridade e região. À amostra de 796 entrevistas corresponde um grau de confiança de 95% com uma margem de erro de 3,4%.

A responsabilidade do estudo é da Aximage Comunicação e Imagem, Lda., sob a direção técnica de José Almeida Ribeiro.

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