A provocação da líder do PAN, Inês de Sousa Real, inaugurou o primeiro debate desta quarta-feira: "Demonstrámos que o liberalismo não funciona e não faz falta a Portugal", disse, a propósito de cartazes promovidos pelo partido animalista, em que alega que "baixou mais impostos do que a Iniciativa Liberal (IL)"..Em resposta, nos estúdios da SIC Notícias, Rui Rocha usou a mesma frase com que tem começado todos os debates para as legislativas de 10 de março: “O único voto que muda Portugal é o voto na Iniciativa Liberal". O do seu antecessor, João Cotrim de Figueiredo, era "o liberalismo funciona e faz falta a Portugal". Portanto, Inês de Sousa Real estendeu a provocação à bancada da IL e envolveu o seu anterior líder..Sobre medidas concretas, ambos equacionam viabilizar o Governo da Aliança Democrática (AD) nos Açores, mas com alguma contenção. "Não damos cartas em branco a ninguém", disse Inês de Sousa Real, admitindo dar o aval do partido à coligação insular entre PSD, CDS e PPM, liderada por José Manuel Bolieiro, mas não sem avaliar o que está em jogo. .Sempre com o primado da autonomia regional, também o líder da IL não afastou a possibilidade de viabilizar o Governo da AD no arquipélago, mas "dependendo daquilo que se vai apresentar"..No campo das causas, Inês de Sousa Real, questionada sobre a forma como pensa aplicar o conceito de "economia verde", transversal à ação do PAN, garantiu que "toda a meta que possa existir de crescimento passa pela economia verde"..Já Rui Rocha, questionado sobre como vê o conceito de "emergência climática", afirmou que a IL só não acompanhará as medidas ambientais se partirem de "visões proibicionistas". "Essa decisão deve ser tida para trazer desenvolvimento económico e sutentável", considerou, dando o Algarve como exemplo. "Precisamos de aumentar a capacidade de retenção de água", rematou..E foi na capacidade de retenção de água que os dois opositores no debate se afastaram, mas no contexto da energia nuclear. Começando por defender que "Portugal tem ótimas condições para energias renováveis", Rui Rocha alertou para a necessidade do país precisar de "fontes de energia base", como "a energia nuclear" ou o "gás natural". "Vimos quando a Alemanha abandonou o nuclear ficou dependente de Vladimir Putin", referiu, defendendo que, "se se chegar à conclusão que é viável do ponto de vista económico, avançamos para o nuclear"..Em contraponto, Inês de Sousa Real alertou para os efeitos desta forma de energia. "O nuclear traz demasiados riscos tendo em conta a seca estrutural", disse, evocando também a seca que se faz sentir no Algarve..Sobre o ordenado médio, uma bandeira para ambos os partidos, foi na forma como pretendem chegar a uma subida de rendimentos o debate ficou mais crispado..Para Rui Rocha, a subida do ordenado médio "consegue-se através da descida de impostos", que tem como consequência, de acordo com o presidente dos liberais, um aumento de 1500 por ano para quem neste momento ganha 1500 euros limpos por mês. "Quero um país onde os jovens podem ficar", disse, insistindo em medidas como a abolição do Imposto Municipal sobre Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT) na compra da primeira casae no cheque creche, que consiste em "480 euros para que cada casal escolha onde quer colocar os filhos".."Parece que entrámos no país da grande ilusão liberal", respondeu Inês de Sousa Real, acrescentando que "o bilhete para este parque de diversões não está ao acesso de todos". "O liberalismo põe em causa o estado social de direito", concluiu.