Rita Chantre/Global Imagens
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Direita critica descolagem de Costa, esquerda pede “rutura”

Oposição unida na crítica ao discurso de Pedro Nuno Santos. Direita fala em irrealismo, esquerda acha curtas as medidas
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Sem surpresas, na oposição ninguém ficou contente com o discurso que Pedro Nuno Santos fez no encerramento do 24.º Congresso do PS. À direita, o novo líder socialista foi acusado de falar “de um país que não existe” e de ignorar o facto de ter feito parte dos governos de António Costa. À esquerda, criticou-se a “linha de continuidade” em relação a Costa e políticas que “não resolvem os problemas do país”.

“O discurso do PS é o discurso de um país que não existe. Lá fora, os portugueses não se identificam com este país e, acima de tudo, é hoje, aqui, a assunção de Pedro Nuno Santos que oito anos falharam e de que precisa de fazer mais”, disse Miguel Pinto Luz, vice-presidente do PSD, que respondeu às críticas do novo líder socialista, que acusa a direita de não ter capacidade de decidir em matérias como a localização do novo aeroporto ou o traçado do TGV.

“É curioso como o ministro das Infraestruturas Pedro Nuno Santos teve oito anos para decidir candidaturas falhadas – em termos de candidaturas europeias – do TGV. Foi incapaz de decidir em nenhum destes dossiês essenciais e socorre-se do PSD para tomar decisões. Pois posso-vos dizer que, brevemente, o PSD também irá acudir o país e dar respostas aos portugueses, que não tiveram nos últimos oito anos”, contrapôs Pinto Luz.

“Os portugueses serão chamados a escolher um novo governo e será seguramente um governo do PSD que liderará os destinos do país para um novo desenvolvimento económico e social”, afirmou Miguel Pinto Luz.

Para Rodrigo Saraiva, da IL, a forma como Pedro Nuno Santos anunciou um “novo ciclo” serviu para esconder o facto de ter sido parte destes últimos oito anos de governação socialista e, por isso, responsável também pelos problemas que subsistem ou se agravaram. “[Em] grande parte do discurso do novo secretário-geral do PS, parecia que não tinha qualquer responsabilidade no estado do país”, atacou Saraiva que lamenta que não tenha sido anunciada  uma “verdadeira baixa fiscal” do IRS ou IRC, uma resposta ao estado atual do SNS ou uma palavra sobre Defesa e segurança no contexto internacional atual.

“É inacreditável que o PS queira fazer crer aos portugueses que não foi governo nos últimos oito anos e que Pedro Nuno Santos não foi ministro do governo de António Costa”, concordou José Manuel Rodrigues, dirigente do CDS-PP.

O Chega não esteve presente na reunião magna socialista.

Esquerda queria mais

À esquerda concorda-se que Pedro Nuno tentou dar a ideia de que tinha acabado de chegar à política, mas por motivos diferentes. “Vemos uma linha de continuidade que não responderá aos problemas. Vimos alguém a falar como se tivesse acabado de chegar ao poder”, comentou Ricardo Costa, da Comissão Política do Comité Central do PCP, que acha que as medidas prometidas “não resolvem os problemas do país”. Ricardo Costa critica ainda o facto de Pedro Nuno Santos prometer o salário mínimo nos mil euros apenas em 2028 e não já. “É uma questão primordial”, defendeu o comunista.

Para Luís Fazenda, do BE, a nova liderança do PS representa a continuidade em relação aos “fracassos” dos últimos anos, na saúde, educação e habitação. “Mesmo a proposta hoje aqui anunciada de mil euros de salário mínimo para daqui a quatro anos corresponde a um ritmo de crescimento menor do salário mínimo do deste ano. Portanto é muito pouco”, comentou.

O Livre gostou de ouvir Pedro Nuno Santos falar na “necessidade de Portugal reinventar a sua economia”, mas a dirigente do Isabel Mendes Lopes acredita que isso só será possível com “uma maioria de esquerda, alargada, plural, que trabalhe em conjunto numa visão para o país”. Ou seja, com o Livre.

Já o dirigente do PAN Pedro Fidalgo Marques acha que a forma como Pedro Nuno se posicionou no seu discurso tornou “claro” que o partido liderado por Inês Sousa Real faz “falta para colocar as causas ao centro” e, por isso, tem como objetivo voltar a ter um grupo parlamentar depois das eleições de 10 de março.

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