Avançar com cautela. As reações à reunião do Infarmed

Evolução da situação epidemiológica esteve em análise no Infarmed, esta manhã, num encontro acompanhado, como habitualmente, pelo Presidente da República, presidente da Assembleia da República, primeiro-ministro, representantes dos partidos, membros do Conselho de Estado e parceiros sociais.
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Os indicadores são positivos, mas é preciso manter os cuidados, sobretudo na época da Páscoa que se avizinha. Uma mensagem comum a PS e PSD, que já reagiram à reunião desta manhã no Infarmed, que voltou a juntar especialistas e dirigentes políticos. Quem também reagiu, através da rede social Twitter, foi o primeiro-ministro, António Costa, que sublinhou que o "risco efetivo de transmissão está a aumentar", pelo que é "muito importante manter todas as cautelas e aplicar as medidas de prevenção".

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Num outro tweet, o líder do Executivo destacou também os números da vacinação avançados hoje na reunião do Infarmed.

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Para o PS, Portugal está "no bom caminho" na contenção da pandemia, com a descida dos casos diários de infeção, o índice de transmissão abaixo de 1 e um aumento da capacidade de testagem e dos úmeros da vacinação.

"Após mais esta reunião com peritos, foi possível perceber que Portugal está no bom caminho. Os dados epidemiológicos mostram que Portugal continua em contra ciclo em relação a outros países, com uma tendência de decréscimo, uma incidência estabilizada e um nível de transmissão que ainda se encontra abaixo de 1", referiu a deputada socialista Maria Antónia Almeida Santos, falando em dados "animadores", até pelo facto de Portugal ter iniciado na passada semana o processo de desconfinamento.

"Foi com muito agrado que ouvimos que há um plano de testagem massiva, que já se iniciou e com bons resultados. A taxa de positividade baixou bastante, o que nos deve animar, mas não fazer baixar a guarda", advertiu Maria Antónia Almeida Santos, deixando um aviso para o período da Páscoa, que se avizinha: "É preciso ter cuidado e não deitar tudo abaixo, depois do esforço que a sociedade portuguesa tem feito. Principalmente no período da Páscoa, é preciso que haja consciência de que algum facilitismo, nem que seja de forma espontânea, pode comprometer o nosso futuro muito próximo".

Já o PSD reagiu pela voz do dirigente e deputado Maló de Abreu, que pediu ao Governo que seja "mais competente e menos incontinente". "Um Governo mais competente é um Governo que aposte em mais vacinas, em mais testes e aposte também em tomar mais cuidado nas fronteiras, porque há variantes que são mais perigosas e que podem causar problemas", referiu o parlamentar social-democrata.

Maló de Abreu sublinhou que existem "sinais positivos" em relação à pandemia, sobretudo no que se refere aos grupos de risco, mas defendeu há razões para manter a cautela, como um novo aumento dos casos de covid-19 na Europa e a maior mobilidade que se regista no país. "É preciso muito cuidado, olhar para a economia e para as questões sociais, mas também não perder de vista as questões de saúde (...) Tudo tem de ser gradual e cuidadoso".

Uma mensagem que reforçou, quando questionado sobre o cenário - já admitido pelo Presidente da República - de a situação de estado de emergência se prolongar até maio."Compreendo muito bem os avisos e a atenção do senhor Presidente da República, todos nós, todos os portugueses que passámos por este ano de pandemia têm uma preocupação: que não passemos por novas vagas, ainda mais difíceis", afirmou, defendendo que tal só é possível com "uma política firme, de contenção, uma política que não caia no desleixo ou na tentação de facilitismos".

Na sequência da reunião no Infarmed, o Bloco de Esquerda insiste que é preciso testar mais. "Aquilo que, neste momento, é de retirar como conclusão desta reunião do Infarmed - a primeira depois do início do desconfinamento - é de que é preciso mesmo apostar muito na testagem massiva em Portugal", defendeu o deputado bloquista Moisés Ferreira. Caso contrário, sublinhou, "se não se apostar na testagem, é possível que se perca novamente o controlo da transmissibilidade do vírus" - um cenário que não se pode "deixar que aconteça".

"O BE está a preparar uma iniciativa legislativa, que apresentará ainda esta semana na Assembleia da República, exatamente com algumas medidas concretas", anunciou ainda.

O parlamentar bloquista voltou também a defender que Portugal, até como estado-membro atualmente com a Presidência do Conselho Europeu, deve "defender o levantamento das patentes das vacinas" anti-covid-19 e "garantir que toda a tecnologia de combate" à pandemia "é propriedade pública e as vacinas um bem-comum".

Já o CDS, num vídeo publicado após a reunião do Infarmed, veio criticar que o Governo "tenha lamentavelmente criado, na última semana, a perceção de insegurança das vacinas, ao suspender levianamente a vacina da AstraZeneca". Cecília Anacoreta Correia, porta-voz do partido, deixou um apelo a que "todos aproveitem a oportunidade de vacinação, a forma mais eficaz de nos protegermos a todos, como comunidade, contra esta pandemia".

A dirigente centrista deixou também uma "nota de preocupação" quanto "à forma como o contexto escolar está a ser protegido". Referindo que as autoridades preveem que, no final da próxima semana, "apenas 28% dos professores e pessoal auxiliar e educativo" esteja vacinado, Cecília Anacoreta Correia defende que esta é "uma forma muito pouco prudente de preparar a fase pré e pós abertura das escolas e, sobretudo, de sossegar as comunidades escolares e as famílias quanto à preparação e planeamento de uma eventual nova vaga da pandemia".

O PCP, pela voz de Jorge Pires, membro da Comissão Polítioca do partido, destacou a "evolução positiva dos principais indicadores sobre a situação epidemiológica" que transformam Portugal no país da União Europeia que "apresenta a melhor situação epidemiológica" nesta altura. É por isso com "preocupação" que o PCP diz ver as opiniões que vão ainda no "sentido de introduzir obstáculos e de dificultar o desconfinamento".

"É de sublinhar, quanto à percepção da população em relação à epidemia, a degradação da saúde mental e o aumento do número daqueles que manifestam grande dificuldade em cumprir o "ficar em casa" e em "não visitar familiares/amigos", o que revela a necessidade, tal como o PCP tem vindo a defender, de o País retomar as actividades económicas, culturais e desportivas", defende o PCP, sublinhando também a necessidade de uma "concretização atempada dos apoios económicos e sociais para quem deles precisa para fazer face aos problemas criados com as decisões de confinamento".

O PCP defende ainda que as informações prestadas pelo Coordenador do Plano Nacional de Vacinação "quanto aos atrasos e incumprimentos no fornecimento de vacinas previamente acordados com alguns grupos farmacêuticos" exigem do Governo uma "intervenção soberana na diversificação da aquisição de outras vacinas já reconhecidas pela OMS, não ficando dependentes por razões políticas, dos contratos feitos pela Comissão Europeia".

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