Arquivado processo ao polícia que alertou para boicote às eleições
Foi arquivado o processo contra o presidente do Sindicato Nacional da Polícia (SINAPOL), Armando Ferreira, que em fevereiro deste ano, na sequência do boicote dos polícias ao jogo de futebol entre o Famalicão e o Sporting, admitiu numa entrevista à SIC Notícias que “as coisas podiam ganhar outra dimensão” e referiu a possibilidade de as eleições serem boicotadas.
A questão surgiu porque, questionado sobre se se referia às eleições legislativas, Armando Ferreira lembrou que “quem transporta os boletins de voto e as urnas são as forças de segurança”.
Agora, numa resposta da Inspeção-Geral da Administração Interna a uma pergunta do DN, é confirmado que polícia é ilibado de qualquer má prática: "Atendendo às declarações prestadas (…), tanto na comunicação social, como no âmbito dos presentes autos, entende-se que o interveniente estava apenas a colocar a hipótese, num sentido de alertar para o facto de o escalamento dos ânimos poder conduzir a irregularidades nas eleições legislativas, que tiveram lugar no passado dia 10 de março. O que, de resto, não se concretizou".
Armando Ferreira, contactado pelo DN, afirmou que confia "na
justiça" e confia "nas entidades fiscalizadoras", pelo que não foi de todo apanhado de surpresa pelo arquivamento do processo.
"E também sei o que digo e o que faço", rematou, acrescentando, relativamente aos comentários que foram feitos na altura - dando a entender que este responsável estaria a incentivar de forma encapotada ao boicote do ato legislativo - que não é "responsável pelas interpretações erradas" que façam do caso.
"Isto é uma vitória para mim e uma derrota para os comentadores que me quiseram meter na boca aquilo que eu não disse e que me quiseram crucificar na praça pública", concluiu o sindicalista da PSP.
A resposta do gabinete da Inspetora-Geral da Administração Ineterna, a juíza desembargadora Anabela Cabral Ferreira, indica que “das declarações prestadas decorre que o aludido dirigente sindical afirmou que o tipo de ações, alegadamente, adotadas pelos polícias como forma de protesto – neste caso pela multiplicação de baixas médicas dos profissionais escalados – se podia repetir noutros jogos de futebol e avisou que as coisas podiam ganhar outra dimensão".
Perante a necessidade de "apurar se as declarações prestadas pelo Presidente do Sindicato Nacional da Polícia, (…) no dia 3 de fevereiro, consubstanciam a prática de algum tipo de ilícito disciplinar", o gabinete concluiu que, "de acordo com os factos apurados", Armando Ferreira "não quis ameaçar, apoiar ou incentivar qualquer boicote às eleições de 10 de março. Quis, sim, deixar um alerta".
A resposta justifica também que "o receio manifestado" por Armando Ferreira, "num plano de hipótese e com base nas informações que lhe foram chegando", "era válido", "tendo em conta que os primeiros boicotes aí anunciados começaram, de facto, a concretizar-se e que o último eram as eleições legislativas".