Política
25 janeiro 2022 às 01h54

Nova polémica ambiental com a líder do PAN. Pesticida e abelhas "perigosos" em explorações agrícolas

Empresas de Inês Sousa Real pediram autorização para utilizar inseticida sintético e libertaram uma subespécie de abelhas que especialistas consideram ameaçar as espécies nacionais. Páginas das redes sociais alteradas nas vésperas do início da campanha eleitoral.

DN

Há uma nova polémica ambiental em redor da líder do PAN. Uma das suas empresas de exploração agrícola pediu autorização para utilizar um inseticida sintético que é considerado perigoso para os seres humanos e para a natureza, cuja utilização é altamente regulada; e outra libertou no ecossistema uma subespécie de abelhas não autóctones que podem constituir uma ameaça para as nacionais.

A notícia é avançada esta segunda-feira pela Visão, segundo a qual a empresa em causa, a Red Fields, ainda apagou das suas redes sociais as publicações onde constava esta informação dois dias antes do início da campanha eleitoral. No entanto, a publicação reproduz a imagem do pedido de autorização do referido pesticida.

O químico em causa é o Delegate 250 WG, um inseticida que tem spinetorame como substância ativa e que serve para matar moscas da fruta (Drosophila suzukii). A utilização da substância é regulada pela Direção-Geral de Alimentação e Veterinária, uma vez que se enquadra na categoria de inseticida "mutagénico ou carcinogénico de categoria 3", "nocivo" e "prejudicial para o meio ambiente", de acordo com o distribuidor, citado pela Visão.

É ""perigoso para as abelhas; para proteção das abelhas e de outros insetos polinizadores, não aplicar este produto durante a floração das culturas [nem] durante o período de presença das abelhas nos campos", segundo a mesma fonte.

A Red Fields obteve licença de utilização a 20 de março de 2015, por um período de 120 dias.

Inês Sousa Real detinha uma quota de 25% sobre esta empresa (o marido outro tanto). Após a recente polémica com as estufas -- que a deputada afirma serem "túneis" -- a líder do PAN afirmara estar a alienar a sua parte nestas empresas. De acordo com a Visão, tal ainda não aconteceu, no entanto.

Igualmente complicado para o ambiente é a utilização, por parte da Berry Dream, outra empresa de que a líder do PAN foi sócia -- tendo o marido ficado com as suas quotas em 2019 -- de abelhões "estrangeiros" utilizados para polinizar as plantas naquela exploração agrícola.

Ora tal como explica a Visão, esta espécie de animal, a mamangava-de-cauda-amarela-clara (Bombus terrestris), ainda que seja muito utilizada comercialmente para polinização, pode pôr em risco a subespécie autóctone, a Bombus terrestris lusitanicus., uma vez que se está a introduzir artificialmente no ecossistema uma variante genética que, de outra forma, não estaria presente.

Instado a responder a mais esta polémica, o partido apenas reagiu: "O PAN e a sua porta-voz já esclareceram o que havia a esclarecer sobre este tema. O partido não tem mais nada a acrescentar nem vai continuar a alimentar esta campanha de difamação criada por vários interesses instalados para atingir o PAN e tentar impedir-nos de defender as nossas causas fundamentais."