Nova polémica ambiental com a líder do PAN. Pesticida e abelhas "perigosos" em explorações agrícolas

Empresas de Inês Sousa Real pediram autorização para utilizar inseticida sintético e libertaram uma subespécie de abelhas que especialistas consideram ameaçar as espécies nacionais. Páginas das redes sociais alteradas nas vésperas do início da campanha eleitoral.
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Há uma nova polémica ambiental em redor da líder do PAN. Uma das suas empresas de exploração agrícola pediu autorização para utilizar um inseticida sintético que é considerado perigoso para os seres humanos e para a natureza, cuja utilização é altamente regulada; e outra libertou no ecossistema uma subespécie de abelhas não autóctones que podem constituir uma ameaça para as nacionais.

A notícia é avançada esta segunda-feira pela Visão, segundo a qual a empresa em causa, a Red Fields, ainda apagou das suas redes sociais as publicações onde constava esta informação dois dias antes do início da campanha eleitoral. No entanto, a publicação reproduz a imagem do pedido de autorização do referido pesticida.

O químico em causa é o Delegate 250 WG, um inseticida que tem spinetorame como substância ativa e que serve para matar moscas da fruta (Drosophila suzukii). A utilização da substância é regulada pela Direção-Geral de Alimentação e Veterinária, uma vez que se enquadra na categoria de inseticida "mutagénico ou carcinogénico de categoria 3", "nocivo" e "prejudicial para o meio ambiente", de acordo com o distribuidor, citado pela Visão.

É ""perigoso para as abelhas; para proteção das abelhas e de outros insetos polinizadores, não aplicar este produto durante a floração das culturas [nem] durante o período de presença das abelhas nos campos", segundo a mesma fonte.

A Red Fields obteve licença de utilização a 20 de março de 2015, por um período de 120 dias.

Inês Sousa Real detinha uma quota de 25% sobre esta empresa (o marido outro tanto). Após a recente polémica com as estufas -- que a deputada afirma serem "túneis" -- a líder do PAN afirmara estar a alienar a sua parte nestas empresas. De acordo com a Visão, tal ainda não aconteceu, no entanto.

Igualmente complicado para o ambiente é a utilização, por parte da Berry Dream, outra empresa de que a líder do PAN foi sócia -- tendo o marido ficado com as suas quotas em 2019 -- de abelhões "estrangeiros" utilizados para polinizar as plantas naquela exploração agrícola.

Ora tal como explica a Visão, esta espécie de animal, a mamangava-de-cauda-amarela-clara (Bombus terrestris), ainda que seja muito utilizada comercialmente para polinização, pode pôr em risco a subespécie autóctone, a Bombus terrestris lusitanicus., uma vez que se está a introduzir artificialmente no ecossistema uma variante genética que, de outra forma, não estaria presente.

Instado a responder a mais esta polémica, o partido apenas reagiu: "O PAN e a sua porta-voz já esclareceram o que havia a esclarecer sobre este tema. O partido não tem mais nada a acrescentar nem vai continuar a alimentar esta campanha de difamação criada por vários interesses instalados para atingir o PAN e tentar impedir-nos de defender as nossas causas fundamentais."

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