Alexandra Leitão diz que ausência de propostas do PS "não são linhas vermelhas" mas não revela sentido de voto
A líder parlamentar do PS, Alexandra Leitão, destacou três propostas do PS que ficaram de fora da proposta do Governo para o Orçamento do Estado, às quais se juntou a "falta de ambição" espelhada no documento, mas não considera que "são linhas vermelhas". "São quatro aspetos maus", considera.
Sobre a "total ausência de qualquer uma das propostas" do PS no OE2025, Alexandra Leitão elencou-as, sem, porém, revelar que o facto de não constarem no documento possa significar um chumbo garantido por parte dos socialistas.
Relativamente à viabilização ou chumbo, a deputada socialista só prometeu que "essa analise tem de ser feita enquadradamente com o programa orçamental de médio prazo, que vai ser entregue daqui a uns dias em Bruxelas".
Referindo-se ao que o governo deixou de fora da proposta, a líder da bancada socialista disse que gostaria de ter visto no documento um "aumento extraordinário das pensões" em vez de do suplemento extraordinário para os reformados, que o ministro das Finanças disse que haveria no próximo ano se "se a trajetória da economia permitisse”.
Para além disto, Alexandra Leitão destacou a ausência da "negociação com os profissionais de saúde", para que haja um regime de "exclusividade no SNS, voluntária e muito bem remunerada" para os profissionais de saúde.
A deputada do PS ainda assinalou a falta do "fundo para habitação para a classe média e para alojamento estudantil".
Alexandra Leitão também apontou o dedo ao facto de "o Governo prever uma vaga de privatização". Apesar de o documento não o referir exatamente com esta designação, explicou a deputada do PS, está previsto um "grupo de trabalho que vai olhar para o setor empresarial do estado numa lógica de alienaçãoes".
v"Não é uma ideia que seja integrada nas políticas publicas que o PS defende", continuou, referindo também o que aconteceu "na RTP".em
Na lista de preocupação apontadas por Alexandra Leitão está também a "majoração fiscal prevista para os empregadores", que é destinada às empresas que "paguem seguros de saúde privados aos seus trabalhadores".
"É uma forma clara de retirar verbas da saúde pública financiada pelos impostos e pô-las no setor privado", acusou.
Alexandra Leitão também apontou a "falta de ambição [do Governo] quanto à economia", criticando a estimativa de crescimento "para um Orçamento de Estado que começa a falar da suposta estagnação na governação socialista". A líder da bancada socialista falou nos 2,1% previstos pelo Executivo liderado por Luís Montenegro, "quando antes era 2,2%", no governo do PS.
"Este Orçamento não tem acordo do Partido Socialista", vincou a deputada, prometendo que os socialistas decidirão "qual é o sentido de voto" só "depois de uma análise mais cuidada e em parceria com o tal programa de médio prazo".
"Naturalmente que se o PS fizesse um Orçamento, faria um Orçamento completamente diferente", garantiu, sublinhando que "não há um acordo com o Governo".
Porém, questionada pelos jornalistas no Parlamento sobre se estes aspetos são linhas vermelhas, tal como eram o IRS Jovem e a descida do IRC, Alexandra Leitão garantiu que não. "São quatro aspetos maus", disse.
Sobre como é que encara a decisão do Governo de retirar as iniciativas legislativas sobre o IRS Jovem e o IRC, Alexandra Leitão disse não perceber "sequer essa referência a uma boa vontade" quando "essas propostas já nem estavam no Orçamento".
Em resposta aos jornalistas sobre os apelos à responsabilidade feitos, por exemplo pelo líder da bancada centrista, Paulo Núncio, Alexandra Leitão defendeu que "o PS é o último partido a quem tem de se pedir responsabilidade".
"Esse apelo à responsabilidade do PS é desnecessária", sublinhou, garantindo que o partido "não porá isso em causa".
"Agora, vamos ter de tomar uma decisão", concluiu.