A ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, participou na celebração do 113.º aniversário da GNR, na Praça do Império, em Lisboa, e andou num veículo desta força de seguran&amp
A ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, participou na celebração do 113.º aniversário da GNR, na Praça do Império, em Lisboa, e andou num veículo desta força de seguran&António cotrim / Lusa

113 anos da GNR. Governo quer valorizar carreiras, mas proposta, até agora, não as torna “atrativas”

Ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, no aniversário da GNR reafirmou os princípios que pretende seguir para dignificar as forças de segurança. Data foi assinalada um dia depois de ter apresentado a proposta de Suplemento de Missão à PSP e GNR, que na maioria dos casos significa uma redução.
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A GNR celebrou esta sexta-feira 113 anos de existência e o Governo assumiu o “caráter prioritário” de “promover o investimento nos” recursos humanos desta força de segurança, “que passa, forçosamente, pela aposta na dignificação das suas carreiras”, disse a ministra da Administração Interna, na cerimónia. Isto aconteceu um dia depois de o Governo ter apresentado às associações profissionais da GNR uma proposta inicial que implicaria que os oficiais tivessem um subsídio que corresponde a 12% da remuneração base do comandante-geral, na mesma medida em que sargentos receberiam 9% face ao mesmo referente, e os guardas ficariam com 7%.

Na maior parte dos casos, assinalam os sindicatos, esta proposta significa uma redução no vencimento. A contraproposta é debatida com o Governo no dia 15 deste mês.

“Como consta no seu programa, é neste quadro que o Governo está bem ciente dos constrangimentos e das necessidades das forças de segurança”, sustentou Margarida Blasco durante o seu discurso, que sublinhou a “justa valorização profissional e remuneratória, transversal a todas as categorias”, apelou à “recuperação da atratividade das carreiras de segurança”, propôs a “criação de condições aos elementos que se encontrem deslocados”, prometeu o “reforço do apoio e acompanhamento em questões de saúde, tendo em consideração a exigência desta profissão”, e evocou a dignificação da GNR, começando pelo “respeito pela autoridade das forças de segurança e a defesa do agravamento do quadro sancionatório penal nos crimes praticados contra os seus agentes”.

No Portal do Governo, uma nota publicada ontem relembra que a primeira medida, aprovada neste contexto, no dia 2 de maio, foi o “agravamento de penas de crimes contra agentes e guardas”.

Apesar da proposta do dia anterior relativa ao subsídio remuneratório, apresentada pelo Ministério da Administração Interna, o comandante-geral da GNR, Rui Ribeiro Veloso, mostrou-se convicto de que, “tal como é afirmado como propósito do Governo de Portugal, oportunamente, a par do investimento em equipamentos, formação, especialização e instalações, serão encontradas as respostas necessárias para a dignificação das carreiras e de valorização profissional e remuneratória dos homens e mulheres que servem a Guarda. É muito importante que assim seja”, frisou.

Na quinta-feira, depois da reunião com Margarida Blasco, o presidente da Associação dos Profissionais da Guarda, César Nogueira, classificou a proposta de Suplemento de Missão avançada pelo Governo como “muito má”, apesar do objetivo das forças de segurança ser aproximar este valor daquele que foi atribuído à Polícia Judiciária, que, em alguns casos, significou um aumento de 700 euros.

O tema volta à discussão no dia 15 de maio, mas a proposta inicial para a PSP e GNR passa por um subsídio que começa nos 365,14 euros e vai até aos 625,95 euros, dependendo da categoria e do nível remuneratório.

Em relação a esta matéria ou às declarações de Margarida Blasco, o diretor nacional da PSP, José Barros Correia, ficou em silêncio. No dia anterior, o superintendente-chefe, em entrevista ao DN, assumiu que  estava “contente pelo suplemento da PJ e gostaria que, pelos mesmos critérios, fosse aplicado à PSP”. Mas, até agora, não foi.

De acordo com a análise feita pela plataforma de sindicatos da PSP, a proposta do MAI “traduz a retirada do atual Suplemento de Condição Policial [nas componentes variável e a fixa] e atribui um Suplemento de Missão”, no entanto, na “maioria dos postos”, isto implica  “uma redução”, que só é mitigada pela cláusula de 75 euros de aumento que é aplicada.

Deste modo, no caso de um agente principal da PSP que está no nível remuneratório 20, com um ordenado base de 1596,51 euros, passaria a receber também um Suplemento de Missão com um valor de 365,14 euros, ou seja, 7% de 5 216,22, que é o valor do ordenado base tanto do diretor nacional da PSP como do comandante-geral da GNR.

No caso do agente principal, este valor implicaria uma redução de 54,17 euros face ao que ganhava antes, que só é mitigada pela garantia do aumento de 75 euros.

Nas duas forças de segurança, o atual Subsídio de Risco tem uma componente variável, que corresponde a 20% do salário base, e uma componente fixa, de 100 euros.

Em reação à proposta apresentada pelo MAI para valorizar as carreiras das forças de segurança, o diretor nacional da Polícia Judiciária, Luís Neves, considerou ontem que está “a deixar de ser atrativo concorrer à GNR e à PSP”, tendo em conta as “condições remuneratórias” atuais. Isto são “problemas para o coletivo e para o país”, afirmou.

O Presidente da República, que não esteve presente nas cerimónias de aniversário da GNR por estar em Cabo Verde, numa mensagem escrita lembrou que “desde a sua fundação, a GNR tem-se afirmado como uma pedra angular no Sistema de Segurança Interna, adaptando-se, de forma contínua, às exigências de uma sociedade em permanente mutação”.

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