Mariana Mortágua justifica regresso de fundadores do Bloco com "momento complexo" que deve mobilizar esquerda
Mariana Mortágua, coordenadora nacional do Bloco de Esquerda, justificou este domingo o regresso dos fundadores do partido às listas para as legislativas antecipadas com a complexidade do atual momento político, em Portugal e no mundo, que deve mobilizar a esquerda.
"A escolha das listas do BE e a decisão de convocar fundadores para fazerem parte das listas não tem a ver com o BE por si só. Tem a ver com a esquerda. Tem a ver com a nossa capacidade para convocar várias gerações de ativistas de esquerda, de experiência de esquerda, para enfrentar um momento histórico que é complexo, que é desafiante e não é só para o BE. É desafiante e complexo para o país. Há uma crise social em curso", justificou Mariana Mortágua.
A bloquista falava após a reunião da Mesa Nacional, órgão máximo do partido entre convenções, que aprovou hoje os primeiros candidatos às eleições legislativas antecipadas de maio, com destaque para o regresso de três históricos do partido: Francisco Louçã (que vai encabeçar a lista por Braga), Fernando Rosas (por Leiria) e Luís Fazenda (Aveiro).
Mortágua, que volta a liderar a lista do partido pelo círculo eleitoral de Lisboa, afirmou que o BE pretendeu juntar "novas e velhas gerações", convocando "toda a experiência, toda a energia para fazer esta campanha eleitoral" num momento em que "a extrema-direita vai avançando" e os "oligarcas ganham poder como nunca tiveram".
Num contexto em que "o mundo é governando por um eixo de oligarcas que vai de Trump a Putin", onde foram eleitos em Portugal "50 deputados de extrema-direita" e em que os principais líderes europeus defendem uma "escalada militarista", a coordenadora bloquista antecipou "uma campanha muito difícil".
Recusando estabelecer metas eleitorais, Mortágua defendeu que "o que se exige à esquerda é que saiba compreender o momento em que vive, a seriedade e a importância deste momento político".
Mariana Mortágua criticou a corrida ao armamento dos líderes europeus ao mesmo tempo que "as pessoas não conseguem pagar a renda da sua casa" e o "hospital está fechado".
"Este é o momento decisivo. Este é o momento em que a esquerda tem de dizer «venham todos a esta luta». A esquerda tem de apresentar as suas soluções, tem de chegar a todo lado, tem de apresentar o seu programa e é isso que o Bloco de Esquerda vai fazer. E neste momento crucial quisemos chamar todos a esta luta porque queremos e vamos estar à altura do momento que vivemos", frisou.
Mortágua alertou que estas "não são eleições para cumprir calendário", insistindo que se trata de um "momento decisivo na história, na sociedade, no país".
Já sobre a sugestão do candidato presidencial, Luís Marques Mendes, de um "acordo de estabilidade" entre PS e PSD após as eleições, Mortágua disse apenas que "é uma ingenuidade" achar que se sai "de pequenos ciclos políticos promovendo acordos de regime que deixam tudo na mesma e que portanto mantém a mesma instabilidade".
Francisco Louçã, Luís Fazenda, Miguel Portas e Fernando Rosas foram os rostos mais visíveis da formação do BE, que nasceu em grande parte pela união de três forças políticas, já extintas: o Partido Socialista Revolucionário (PSR), a União Democrática Popular (UDP) e a Política XXI.
Mais de uma década depois, Rosas, Fazenda e Louçã voltam a integrar listas do BE ao parlamento em distritos nos quais os bloquistas elegeram pela primeira vez em 2009 e que entretanto perderam.
A coordenadora nacional, Mariana Mortágua, será a cabeça de lista por Lisboa, seguida do atual líder parlamentar, Fabian Figueiredo, e pelo Porto a aposta volta a ser na deputada Marisa Matias, em Setúbal, Joana Mortágua e em Faro o antigo eurodeputado José Gusmão. O BE aprovou ainda os restantes cabeças de lista para todos os 22 círculos eleitorais.
Nas últimas eleições legislativas, em março do ano passado, o BE elegeu cinco deputados e foi a quinta força política mais votada com 4,36 % dos votos a nível nacional.
BE adia XIV Convenção Nacional para 01 e 02 de novembro após autárquicas
A XIV Convenção Nacional do BE foi adiada hoje para os dias 01 e 02 de novembro, após as eleições autárquicas, depois de o processo ter sido suspenso devido à atual crise política, anunciou a coordenadora do partido.
"Aprovámos um novo calendário detalhado, com os debates, a atualização de moções e um novo calendário para a realização da convenção logo após as eleições autárquicas, para que possa refletir o ciclo político e possa ter um horizonte de análise que seja útil ao BE e às várias moções que participam na convenção, para poderem ter os elementos do novo quadro político que sairá necessariamente das eleições legislativas e das eleições autárquicas", disse Mariana Mortágua.
A coordenadora bloquista falava aos jornalistas após a reunião da Mesa Nacional, órgão máximo do partido entre convenções, que aprovou hoje os primeiros candidatos às eleições legislativas antecipadas de maio e aprovou o novo calendário da convenção.
A reunião magna do BE estava prevista para 31 de maio e 01 de junho, mas o seu processo foi suspenso este mês.
Foram apresentadas duas moções de orientação a esta convenção: a 'A', cuja primeira subscritora é Mariana Mortágua, e a 'S', subscrita por um grupo de críticos da direção do BE, que inclui dirigentes que integraram a lista encabeçada por Mortágua na última convenção.