Carneiro promete "consensos com partidos do arco democrático" num PS que é "oposição responsável e firme"
José Luís Carneiro entregou esta quinta-feira, 12 de junho, a moção de candidatura à liderança do PS, e, no documento, garantiu que a "estabilidade" para a qual o partido "sempre contribuiu" é "assente em objetivos reformistas corajosos e realistas", motivo pelo qual irá procurar "consensos alargados em áreas estratégicas para o desenvolvimento da democracia" assentes em "cinco áreas de soberania": "política externa e europeia; defesa; segurança; justiça e organização do Estado."
Assumindo que a eleição do secretário-geral socialista, marcada para os dias 27 e 28 deste mês, acontecem “na sequência de uma das mais pesadas derrotas eleitorais alguma vez sofridas pelo PS”, o documento de José Luís Carneiro promete que o partido será “oposição responsável e firme ao governo”, o que, acrescenta “não deve impedir os consensos democráticos em áreas de Estado”.
O candidato à sucessão de Pedro Nuno Santos ainda encara este momento de “reflexão profunda” como “uma oportunidade decisiva para o PS ouvir com humildade, reconhecer erros e responder com propostas claras e transformadoras”
Esta abertura a outras forças do espectro democrático passam também pelo reconhecimento de “que as mudanças profundas no panorama político nacional exigem uma renovação corajosa”, tendo em conta que há “novas formas de fazer política, novos protagonistas e novas respostas para os problemas do nosso tempo”.
O documento ontem apresentado também aponta ao partido “a necessidade de unir forças para responder”, como prioridade e sem referir nomes de partidos, “ao avanço eleitoral, político e cultural dos movimentos radicais e populistas”, sublinhando que “o crescimento das posições políticas iliberais e autoritárias é um fenómeno global que ameaça as democracias de forma existencial”. Com um caminho traçado, que também é uma resposta à ameaça identificada, José Luís Carneiro defende no documento que haja “uma maior transparência nos processos decisórios internos ao partido”, o que implica por parte do partido a dinamização de “uma iniciativa nacional de debate público alargado, envolvendo a sociedade civil”, que terá como objetivo “fixar as linhas mestras de um programa de governo”.
Deste modo, de acordo com aquela missiva, cabe ao PS “fazer renascer a ética na política, aumentar a transparência, valorizar o bem comum”, isto é, os valores que estarão inscritos nos documentos que serão discutidos no XXV Congresso do PS, apontado para outubro.
No entanto, o antigo ministro da Administração Interna socialista salvaguarda que a sua moção de candidatura à liderança socialista “não se deve confundir com a orientação política do PS a aprovar” na reunião magna do partido nem com a nova declaração de princípios que for concretizada.
José Luís Carneiro também aponta dois desafios, previsivelmente para os próximos seis, que serão também desafios eleitorais. Para as autárquicas, o candidato à liderança do PS aposta na “promoção de políticas participativas locais” para mobilizar a população e destaca a descentralização como “um grande contributo para a diminuição das assimetrias regionais”. Para as presidenciais, José Luís Carneiro apela a que o lugar deixado vago por Marcelo Rebelo de Sousa em janeiro seja ocupado “por um ou uma estadista, que tenha dado provas de maturidade política e seja garante do regime democrático”.
A declaração de intenções de José Luís Carneiro inclui também uma meta de 10 anos para que “o salário médio português alcance o salário médio europeu”, que vem à boleia de “uma política sólida de aumento dos rendimentos e de diminuição da carga fiscal”.