Ana Mendes Godinho apresenta-se como candidata a Sintra com porco no espeto e tensão entre PS e Livre
A apresentação da candidatura de Ana Mendes Godinho à Câmara de Sintra vai decorrer neste domingo, às 17h00, na Escola EB 2,3 Visconde de Juromenha, na Tapada das Mercês, na presença do novo secretário-geral do PS, José Luís Carneiro. O lançamento oficial da antiga ministra na corrida à sucessão de Basílio Horta, prestes a terminar o terceiro mandato à frente do segundo maior município nacional, que promete ser um dos principais duelos autárquicos nas eleições de 12 de outubro, ocorre numa conjuntura complicada para os socialistas sintrenses, entre os quais não falta quem obste à formalização do acordo de coligação com o Livre.
Tanto assim foi que o processo acabou por ser entregue à comissão política da Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL) do PS, que irá tomar uma decisão nesta sexta-feira. Numa versão do acordo entre os dois partidos, a que o DN teve acesso, estabelecia-se que o Livre teria o 5.º e 10.º da lista conjunta para a Câmara Municipal, dois a três lugares elegíveis para a Assembleia Municipal e a "promoção de coligações garantido a representatividade do Livre" nas freguesias do concelho. Mas há resistências entre os socialistas quanto à cedência do quinto lugar na vereação - o último a ser eleito nas autárquicas de 2021 -, tal como alguns atuais presidentes de junta de freguesia têm dado sinais de que preferem que o partido continue a apresentar-se sozinho aos eleitores.
As complexas negociações entre os dois partidos foram apontadas como o motivo para o adiamento da apresentação de Ana Mendes Godinho, que esteve marcada para o domingo passado, mas fonte da candidata alega que tal se deveu apenas a uma indisponibilidade de agenda de José Luís Carneiro. Desta vez, o recém-eleito secretário-geral do PS estará presente na Tapada das Mercês, dias depois de ter falado com Basílio Horta, durante uma reunião da família europeia dos Socialistas & Democratas, em Bruxelas, aproveitando para limar arestas com o fundador do CDS, que preside à Câmara de Sintra desde 2013.
Na tarde de domingo, quando a "candidata com garra", como é descrita num convite que está a ser enviado aos socialistas sintrenses, se apresentar na Escola EB 2,3 Visconde de Juromenha, num evento em que a organização garante que "ninguém fica com fome", pois haverá porco no espeto, hambúrgueres, batatas fritas e "bebidas para todos os gostos", Ana Mendes Godinho espera ver totalmente pacificado o processo com a estrutura local do PS, que verá com maus olhos a atribuição do quinto lugar da lista ao Livre, pois a cabeça de lista pretende indicar duas pessoas da sua confiança para o topo da lista, deixando o atual vice-presidente da Câmara de Sintra (e presidente da concelhia), Bruno Parreira, como o único elemento da estrutura local entre os lugares potencialmente elegíveis.
O acordo entre PS e Livre, que tem gerado anticorpos também devido a detalhes simbólicos, como o símbolo do partido criado por Rui Tavares aparecer à frente no documento do acordo, terá sido uma iniciativa de Ana Mendes Godinho, que considera o eleitorado do Livre essencial para uma vitória. Nas últimas legislativas, o Chega foi a força mais votada em Sintra, com 52.868 votos (26,07%), seguindo-se a AD, com 50.253 (24,78%), e o PS, com 48.297 (23,81%). Mais atrás vieram a Iniciativa Liberal, com 13.145 votos (6,48%), e o Livre, com 12.144 votos (5,99%).
Além de Ana Mendes Godinho, que tentará manter o domínio do PS na autarquia, os principais candidatos à Câmara de Sintra, são Marco Almeida, que encabeça uma coligação entre o PSD e a Iniciativa Liberal (mas sem o CDS-PP, que leva a votos com o atual vereador Maurício Rodrigues), e a deputada Rita Matias, do Chega.