Vieira da Silva avisa: haverá consequências para quem não cumprir requisição civil

Ministro do Trabalho disse que os envolvidos na greve devem fazer uma reflexão: "se vale a pena continuar a desafiar as leis da República"
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"Se alguém pensa que reage à requisição civil como reagiu aos serviços mínimos, está enganado, porque o quadro legal das duas figuras é diferente." As palavras são do ministro do Trabalho, Vieira Silva, e foram proferidas na noite desta segunda-feira, escassas horas depois de o Governo ter decretado a requisição civil dos motoristas de materiais perigosos.

"A requisição civil é já uma medida muito pesada. E que normalmente surte efeito, do ponto de vista de ajudar a resolver os problemas. Há quem possa pensar que não há consequências. Mas haverá. Tem que haver, senão é o próprio poder do Estado que é posto em causa", afirmou à RTP3.

A primeira vez que o Executivo falou em desobediência e nas consequências que daí podiam advir foi António Costa, durante o fim de semana. Também esta segunda-feira - quando anunciou a requisição civil por não estarem a ser cumpridos os serviços mínimos de abastecimento no Sul do país, aeroportos e Rede de Emergência de Postos de Abastecimento (REPA) - o secretário de Estado Tiago Antunes frisou que quem incumprisse incorria em desobediência.

"Não creio que o país possa estar muito tempo [com esta greve]. Julgo que é preciso encontrar uma solução e que as partes entendam que todos os portugueses estão a espera que essa solução seja encontrada. É bom que as partes se apressem", acrescentou o ministro do Trabalho.

"É bom que aqueles que são envolvidos por esta decisão façam a mesma reflexão: se vale a pena continuar a desafiar aquilo que são leis da República. A greve não pode servir para, de alguma forma, paralisar um país por causa de um conflito parcial", conclui.

Ministro do Ambiente: "Não tenho dúvida que os trabalhadores vão cumprir"

Também o ministro do Ambiente e da Transição Energética considerou que se não cumprirem, os motoristas estão a cometer crime. Por isso, acredita que vão obedecer.

"Não tenho a mais pequena dúvida de que os trabalhadores vão cumprir. Há uma requisição civil, não a cumprir é de facto crime e obviamente os trabalhadores amanhã de manhã vão cumprir", disse João Pedro Matos Fernandes à SIC Notícias.

E, mesmo admitindo que os militares possam vir a conduzir os camiões de matérias perigosas - a requisição civil abre a possibilidade das Forças Armadas serem mobilizadas - afirmou que não está à espera que amanhã [terça-feira] isso aconteça.

A greve dos camionistas, por tempo indeterminado, foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), tendo-se também associado à paralisação o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos do Norte (STRUN).

Na semana passada, o Governo decretou serviços mínimos entre 50% e 100% e declarou crise energética a partir das 23.59 da passada sexta-feia até dia 21 de agosto. Esta segunda-feira à tarde decretou a requisição civil dos motoristas em greve, alegando incumprimento dos serviços mínimos.

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