Portugal "pode perder 26% das exportações" com um mau Brexit
Esta é a conclusão de um estudo feito pela CIP no mês passado. António Saraiva, o presidente, demonstra preocupação
"Se tudo correr bem, as exportações portuguesas podem perder até 15% do seu volume. Se tudo correr mal, desordenadamente, podemos perder até 26%", disse António Saraiva na entrevista DN- TSF de domingo. "O Reino Unido é o quarto mercado das nossas exportações", recordou o presidente da CIP. "Isto é de uma dimensão para as nossas exportações que temos de ter atenção e devemos ter estratégias de reação. Não apenas por parte das empresas, mas também do governo no seu todo, pelo interesse do país, e no seu papel dentro da União", alertou.
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Segundo o "patrão dos patrões", "sendo o Reino Unido a nossa mais antiga relação comercial, as empresas estão individualmente a tentar acautelar com os seus clientes algumas das medidas, sendo que não conseguimos antecipar outras, como questões aduaneiras. E estamos obviamente a olhar para outros mercados. Se nós destinamos 75% das nossas exportações à Europa, é perigoso. É como uma empresa ter um único cliente para os seus produtos ou serviços. Estando o Reino Unido dentro do espaço europeu, a perda desse mercado potencial tem de ser compensada com outras geografias. As empresas estão com dinâmicas nesse sentido, e através do Estado, porque o governo adotou o nosso estudo. Tivemos a reunião do chamado Conselho Estratégico para a Internacionalização da Economia, liderado pelo primeiro-ministro.se tudo correr bem Nós estamos hoje, lamentavelmente, num bloco económico - a Europa - que está com sérios problemas de liderança e de definição de missão, porque esta desagregação a que se assiste, o brexit e os efeitos que vai ter - e para nós serão efeitos complicados."
O empresário reveliu preocupação das empresas portuguesas com o cenário internacional. "A demonstração dessa preocupação é o que temos falado com o governo. Os indicadores macroeconómicos foram, de facto, extraordinários no ano passado... E isto é sustentável? Tivemos um crescimento de 2,7% no ano passado e neste ano já só vamos ter, cremos nós, 2,2%. O país tem de crescer acima de 4%. Portugal não pode depender só de um setor, seja o turismo, seja a metalurgia, seja ele qual for. De facto, o mundo está estranho e deixámos de ter um mundo bipolar e temos hoje um mundo multipolar com todas as ameaças que isso tem. Temos hoje ameaças externas que condicionarão, e muito, a realidade interna portuguesa. É essa atenção que devemos ter e Portugal tem de definir uma estratégia, um plano de desenvolvimento como temos nas nossas empresas. Temos de ter estratégias para não pensar apenas no turismo."
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