Duas horas depois do anúncio do PCP, é a vez de o PAN (Pessoas, Animais, Natureza) também anunciar que se vai abster na votação, na generalidade, do OE 2020, marcada para sexta-feira..Somadas as abstenções destes dois partidos, o OE 2020 fica virtualmente aprovado, mesmo que todas as outras forças (PSD+BE+CDS+Chega+Iniciativa Liberal+Livre) votem contra: são 106 votos ao todo, contra os 108 do PS..A líder parlamentar do PAN, Inês Sousa Real, deixou no entanto claro que "está tudo em aberto" quanto ao sentido de voto do partido na votação final e global. Neste contexto, deixou um alerta ao governo de que "terá de ser mais ambicioso"..Antes, da parte da manhã, os comunistas (10 deputados) anunciaram que vão-se abster-se na generalidade mas reservam-se o direito de, na votação final global, votarem contra, caso não vejam reconhecidas as suas principais exigências..O anúncio foi feito em conferência de imprensa pelo líder da bancada parlamentar do PCP, João Oliveira. O PEV, partido aliado do PCP na CDU (Coligação Democrática Unitária), irá pelo mesmo caminho: abstenção..Já o deputado do Chega, André Ventura, anunciou que vai votar contra a proposta de Orçamento do Estado na generalidade, justificando que a proposta apresentada pelo Governo é "essencialmente irrealista"..Inês Sousa Real justificou o voto dizendo que o PAN "é um partido que sempre foi aberto ao diálogo e disposto a construir pontes". Contudo, acrescentou: "Não podemos deixar de dar nota que não se constroem pontes sem alicerces e nesse sentido parece-nos que o orçamento está muito aquém e que o Governo não faz um compromisso efetivo naquilo que é necessário para construirmos os alicerces para termos uma sociedade mais justa, quer do ponto de vista social, laboral e ambiental.".A deputada disse também que o partido espera que na especialidade "o Governo tenha o particular cuidado de acolher não só as preocupações do PAN para aquilo que são as necessidades do país", como também de perceber que é preciso mais ambição "quer em matéria social quer em matéria das alterações climáticas".."Neste momento não existe qualquer garantia, o que existe é uma abertura ao diálogo, mas como referi há pouco as opções estratégicas para o país não se fazem só de diálogo, fazem-se de ação concreta", respondeu aos jornalistas..A líder parlamentar do PAN começou por sublinhar que "existem alguns aspetos que foram acolhidos neste Orçamento do Estado e que foram reclamados pelo partido em sede de negociação".."Entendemos que aquilo que foi o sinal do Governo e o acolhimento das medidas reclamadas pelo PAN não é suficiente para que possamos acompanhar favoravelmente o Orçamento do Estado em sede de votação na generalidade porque fica muito aquém daquilo que é a resposta às reais preocupações e necessidades para o país", explicou..Alterações climáticas, proteção e bem-estar animal, corrupção e reforço dos meios da justiça, violência doméstica, direitos laborais e Serviço Nacional de Saúde são áreas nas quais o PAN identifica insuficiências e falta de resposta neste orçamento.