"O trabalho de Centeno no Eurogrupo foi muito sério"

O antecessor de Mário Centeno no Eurogrupo reagiu à saída do português, das funções no ministério das Finanças.
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Jeroen Dijsselbloem é contido nos elogios a Mário Centeno e compara o mandato do português, ao seu próprio mandato, "durante os anos da crise, em que houve uma grande quantidade de urgência". Mas, para o holandês, liderar em tempos de bonança também não é uma tarefa facilitada.

"Algumas pessoas dizem que é ainda mais difícil administrar um grupo como o Eurogrupo se não houver crise", afirmou ao DN e à TSF, fazendo uma comparação com os anos em que ele dirigiu o grupo informal de ministros das Finanças da zona euro.

"Durante os anos de crise, é claro, houve uma enorme quantidade de urgência. Nós precisávamos agir. Precisávamos construir uma União Bancária. Precisávamos configurar o Mecanismo de Estabilidade Europeia. Precisávamos projetar e negociar programas com diferentes países", lembrou, admitindo que a turbulência durante os cinco anos do seu mandato, criou "uma janela de oportunidade também, mas também muita urgência, por precisava ser concluído".

É por essa razão que considera que "em alguns aspetos, é ainda mais difícil gerir um órgão complexo como o Eurogrupo num período em que esse sentido de urgência não é forte".

"Penso que nos últimos anos, - até à chegada do coronavírus -, havia, infelizmente, muito pouca urgência entre os ministros, para avançarem, para concluírem a União Bancária, para criarem novos instrumentos e novos fundos para a zona euro", afirmou, referindo que o mandato de Centeno "também tem sido um período com as suas complexidades específicas".

Questionado sobre a forma como Centeno ultrapassou a desconfiança, quando havia quem o comparasse a um segundo Varoufakis [antigo ministro das finanças da Grécia em 2015], depois da sua chegada ao Eurogrupo, Dijsselbloem diz que não acha a crítica justa para a um ministro que foi sempre "muito sério" com os compromissos do Eurogrupo.

"Não penso que alguma vez Mário Centeno tenha tido essa suspeita de ser um segundo Varoufakis. Não penso que isso alguma vez tenha sido verdade. Mário Centeno foi desde o primeiro dia, um colega muito sério, que assumiu compromissos e a partilha de responsabilidade do Eurogrupo, muito seriamente", afirmou.

"Algumas pessoas disseram que ele ultrapassou os dogmas do Eurogrupo, sobre a austeridade. Mas, também não penso que isso seja verdade. Acompanhei a política orçamental dele, muito proximamente, e ele manteve um orçamento muito restrito, em Portugal", afirmou Dijsselbloem, considerando que "o papel dele [Centeno] no Eurogrupo foi sempre muito construtivo, muito sério, e, portanto, não pode comparar-se ao ex-ministro grego que você mencionou".

As declarações do antigo presidente do Eurogrupo são excertos de uma entrevista ao DN e à TSF, que vai para o ar na próxima quinta-feira, em que Dijsselbloem fala sobre o plano de recuperação da economia europeia, apresentado por Ursula von der Leyen.

Na mesma entrevista, Jeroen Dijsselbloem critica a crispação durante as negociações, no Conselho Europeu. Dijsselbloem expressa ainda o seu ponto de vista sobre os planos dos governos para recuperar as companhias aéreas.

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