Louçã assume mal estar entre o PS e o BE

Entrevistado na TSF, o antigo líder bloquista afirma que o PS está a protagonizar com o seu partido uma "estratégia de tensão" não só "absurda" como até "suicida"
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Para Francisco Louçã, não há dúvidas. Numa conversa ontem à noite na TSF com os jornalistas David Dinis e Paulo Baldaia no programa "Às onze no Café de S. Bento", o fundador e antigo líder do Bloco considerou que a estratégia dos socialistas face ao seu partido revela que o PS "não quer" um novo acordo na próxima legislatura.

Ora isto - prosseguiu - representa, da parte dos socialistas, uma estratégia "absurda" e "suicida". "A precipitação do PS, a imagem de rasteira, deslealdade e de cinismo, tudo isso vai contra o que os portugueses exigem ao PCP, BE e ao PS, que é seriedade", afirmou.

Em seu entender, "o PS quis fazer uma guerra ao Bloco" quando António Costa e Carlos César puseram um fim abrupto às negociações dos bloquistas com as Finanças para criação no OE 2019 de uma taxa penalizadora da especulação imobiliária (taxa que o CDS cognominou de "Taxa Robles"). E fê-lo alinhando "numa campanha baseada numa falsidade [sobre a taxa Robles]" e "com um cálculo eleitoral".

Para Louçã, o BE não pode ceder à "estratégia de tensão" e romper o acordo que tem ("posição conjunta") com o PS - e, por exemplo, votar contra o OE2019: "É preciso jogar xadrez. E saber para onde vão as peças. E o Bloco deve ser a garantia do acordo."

Na verdade, reforçou, o que será necessário entre os dois partidos na próxima legislatura é "um acordo muito mais robusto", colocado "num patamar mais consistente". "É preciso um acordo mais sólido porque os próximos quatro anos vão ser diferentes, porque vamos ter uma situação económica muito mais difícil e, porventura, uma situação na União Europeia muito mais ameaçadora. Só há razões para isso: há mudança no BCE [Draghi vai sair], não sabemos o que vai acontecer ao stock de dívida pública que está no banco, há tensões económicas que vão reduzir a capacidade de exportação portuguesa, será mais difícil a margem de manobra [para governar]".

Na opinião do antigo líder do BE, o Presidente da República, ao dizer que não exigirá às esquerdas um acordo escrito na próxima legislatura, já "está a dizer que aceitará um governo minoritário" do PS, sendo que será disso que "está à espera". E ele próprio, Louçã, é disso que também está à espera, porque "os eleitores têm medo de uma solução de maioria absoluta".

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