Joacine Katar Moreira: "O feminismo branco é intrinsecamente elitista e racista"
Deputada volta a provocar polémica no twitter ao escrever que "as mulheres (e homens) brancas também oprimem e apenas questionam partes do sistema do qual são parte importante". Parlamentar diz que há um "feminismo hegemónico que secundariza questões como a raça e a classe e privilegia a experiência das mulheres brancas ocidentais".
Joacine Katar Moreira defendeu, este domingo, que o "feminismo branco é intrinsecamente elitista e racista". Num post publicado na rede social Twitter a deputada independente escreve que "as mulheres (e homens) brancas também oprimem e apenas questionam partes do sistema do qual são parte importante. A parte que lhes toca". E sublinha que as "feministas brancas" nunca a representaram.
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"É preciso ler autoras feministas negras e interseccionais para aprofundar a questão, aprender a escutar e a ver o mundo e as lutas de outro prisma", acrescenta ainda, num comentário ao próprio post, que suscitou de imediato polémica e muitos comentários negativos.
Horas depois Joacine voltou ao tema para afirmar que há um "feminismo hegemónico que secundariza questões como a raça e a classe e privilegia a experiência das mulheres brancas ocidentais".
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"O feminismo não é um movimento homogéneo", escreve a deputada, acrescentando que o "feminismo decolonial, o interseccional, feminismo negro, afro-feminismo, mulherismo, o motherism, questionam o feminismo hegemónico" - que faz corresponder às mulheres brancas ocidentais.
Novamente, o post da deputada suscitou comentários que a acusam de sectarismo e divisionismo do movimento feminista. Reparos que ainda mereceram a resposta da parlamentar, que voltou ao Twitter para escrever que os movimentos feministas que aponta "não são extremistas" nem são fraturas do feminismo, mas "correntes" que procuram aprofundá-lo.
"Não é fingindo igualdade que alcançamos a igualdade. Os movimentos existem porque são fruto de pensamentos e experiências que importam incluir", escreveria ainda Joacine Katar Moreira, que no seu perfil no Twitter se define se como "feminista interseccional".
Embora o conceito já fosse usado antes disso, nomeadamente por ativistas que consideravam que as mulheres negras não tinham uma voz própria e por isso não eram devidamente representadas pelo movimento feminista, a interseccionalidade é um termo cunhado pela ativista Kimberlé Crenshaw em 1989 e defende que cada pessoa sofre opressão com base não apenas numa categoria social, mas nas várias em que se insere, em termos de género, raça, classe, ou mesmo capacidades físicas e sociais.
Já o mulherismo centra-se na experiência das mulheres negras e pertencentes a minorias étnicas.
O DN tentou contactar Joacine Katar Moreira, sem sucesso.