"Temos de ter a grandeza de nos entender". Rio insiste em "consenso" mesmo em maioria

O líder do PSD garante que terá o seu programa eleitoral pronto até julho. E insiste que é preciso os partidos terem a "grandeza" de se entenderem para as grandes reformas, mesmo que haja um governo de maioria absoluta, para ultrapassar os "estrangulamentos do país".
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A convite do American Club, num almoço num hotel de Lisboa, Rui Rio elogiou o que muitos veem nele como um "defeito". A teimosia na defesa das mesmas ideias há 10 ou 15 anos sobre a regeneração do sistema político para ultrapassar os "estrangulamentos do país". "Temos de ter a grandeza de nos entendermos uns com os outros, Sem isso não há solução para nada. E temos de captar o país para isto", disse numa sala cheia para o ouvir. "Temos de ser saudavelmente teimosos".

Tornou-se claro, uma vez mais, que será esta uma das mensagens que levará pelo país até às legislativas de outubro. Rui Rio acredita que os portugueses são mais sensíveis ao diálogo entre políticos do que aos diferendos estéreis. Sendo que admite que consenso entre PCP e CDS "será sempre difícil". Mas "nenhum governo sozinho, mesmo com maioria absoluta, vai conseguir resolver os estrangulamentos absolutos". Ou as reformas como as da Segurança Social, do sistema de Justiça, ou do próprio sistema político. Porque o "poder político tem de ser forte em democracia", para que não "ajoelhe perante os interesses setoriais", sublinhou.

A ele que os professores sempre disseram ter mais talento para as questões estruturais do que conjunturais, só interessa deixar "um legado" de desenvolvimento, que passa pelo crescimento económico suportado pelas exportações e pelo investimento. Não do Estado, embora diga que tem estado em níveis muito baixos, mas dos privados, com políticas públicas amigas do investimento. "Mas isso não é possível com a ideologia do Bloco e do PCP", afirmou, numa alusão aos dois partidos que foram o suporte do governo de António Costa no Parlamento. "Perdemos quatro anos!".

Para Rui Rio a carga fiscal "é uma brutalidade que já passou a linha vermelha". Mas admite que ao atingir este nível será demorado conseguir reduzi-la. Até lá, "devemos gerir a carga fiscal, direcionando-a para o investimento".

As críticas ao governo sobre essa falta de gestão também foram servidas ao almoço. "O que fizemos nestes quatro anos? Utilizamos a folga do crescimento global para redução do défice e para fazer pura distribuição e não para investimento", assegurou. Insistiu na ideia de que é preciso reduzir a dívida pública. E ao contrário de Manuela Ferreira Leite, que o apoiou na corrida à liderança do partido e que defendeu na TSF que a direita deveria assumir que o atual nível do défice não é o mais desejável, Rio continua a pensar ter um superavit nas contas públicos seria bom, se o nível de crescimento económico o permitisse. "Com crescimento anémico como o nosso não é possível".

E mais: "Esta governação dá aquilo que é compatível no presente. Dão tudo o que têm".

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