Santana propõe frente de centro-direita para tirar Costa do poder
Pedro Santana Lopes propôs hoje a criação de uma frente de centro direita que permita, após as próximas legislativas, retirar a esquerda do poder. Falando na sessão de abertura do segundo dia de trabalhos da 1.ª Convenção do Movimento Europa e Liberdade (MEL), o líder do Aliança desafiou os partidos e movimentos à direita dos socialistas a admitirem a constituição de uma "grande aliança, um grande movimento de liberdade e progresso", que deve incluir os partidos tradicionais, os mais recentes, os já constituídos e os que se venham a constituir.
Santana admitiu dois cenários para a formação desta aliança alargada. Um primeiro, que passaria pela formação de "uma coligação pré-eleitoral com base nos resultados das europeias" - uma hipótese à qual o Aliança e o próprio Santana não são favoráveis. E um segundo, pós eleitoral, "com base nos resultados das legislativas" - um acordo em que as "forças do centro-direita assumam a vontade de viabilizar a criação de um governo patriótico", demonstrando que "estão conscientes da imperiosa necessidade de afastar a frente de esquerda".
Uma aliança, prosseguiu Santana, com compromissos fundamentais - "o respeito pela dignidade da pessoa humana", a essencialidade da iniciativa privada, o valor da honra, da decência e do mérito, a coesão territorial, entre outros.
"Somos governados por uma maioria a que tenho chamado frente de esquerda", referiu Santana, no auditório da Culturgest, em Lisboa, acusando o PS de ceder "aos seus parceiros em matérias que constituem fundamento da nossa sociedade" e e poem em causa o esforço feito pelos portugueses nos anos da crise - é que acontece quando o governo "opta por alargar os quadros da função pública".
Para o líder do Aliança, formado como partido no final de outubro, é "cada vez mais forte a sensação de que neste ano eleitoral impera a linha da demagogia e a prática da tropelia", de que é exemplo o anúncio do novo aeroporto no Montijo sem que haja ainda estudo de impacto ambiental. Mas a "maior das tropelias", para o antigo primeiro-ministro, está nos "atentados que têm sido cometidos contra o Serviço Nacional de Saúde". "A regra tem sido a dos quatro C - corte, cativa, come e cala", acusou, apontando uma "inaceitável mistura de irresponsabilidade e insensibilidade, exatamente o que nunca deve acontecer na gestão pública.
Para Santana, Portugal "precisa de normalidade e de decência cívica". "No dia a dia as situações mais inusitadas sucedem-se a um ritmo vertiginoso", alertou o também ex-líder do PSD, sublinhando que a sociedade recebe com tolerância esta situação - "Devemos ser tolerantes, mas não permissivos".
O fundador do Aliança defende que o grande desígnio nacional tem de ser o crescimento económico, a única via para vencer o desequilíbrio constante nas contas públicas. E recusou o "socialismo de pacotilha", que trata "por igual pobres, remediados e ricos". "Discordamos do fim das propinas para todos, dos manuais grátis para todos, dos transportes grátis para todos", acrescentou Santana, defendendo "um Estado solidário, sucedâneo do Estado social, que falhou".
Já à margem da Convenção, em declarações aos jornalistas, Santana recusou pronunciar-se sobre a crise interna no PSD - "Não posso, não devo e não quero". Para o Aliança "não mudou nada", sublinhou o líder do partido, que diria ainda, já de saída: "Seremos, de certeza, essenciais para a criação de uma solução [na próxima legislatura]".