Rio garante que não é ditador e vai ter críticos (que sejam "leais") nas listas
"Não , não!" Foi assim que Rui Rio respondeu, convicto, à pergunta dos jornalistas da TVI se é "centralizador e ditador". Uma pergunta feita na sequência da demissão do vice-presidente do PSD, Manuel Castro Almeida, que se bateu coma porta à direção do partido por divergência políticas e por não ser ouvido.
Em entrevista esta segunda-feira à noite à estação de Queluz de Baixo, Rio afirmou que só quando tem "convicções inabaláveis" é que impõe a sua vontade. E deu o exemplo da do combate que quer travar contra os julgamentos na praça pública. "Quando não há condenações em primeira instância temos de respeitar a presunção da inocência. É com desgosto e em parte com revolta que vejo pessoas serem chacinadas na praça pública", garantiu, naquela que foi a defesa da legitimidade da tomada de posse do eurodeputado social-democrata, Álvaro Amaro, que foi constituído arguido por suspeitas de corrupção, tráfico de influência e participação económica em negócio.
Defendeu ainda a ideia de que gere o partido de forma aberta e democrática ao admitir que vai integrar nas listas de candidatos às eleições legislativas críticos internos, desde que sejam "leais". Mas reconheceu que o caminho que tem pela frente não é fácil. "Hoje na política para chegar a qualquer lado é preciso a capacidade de resistência quando devia ser as capacidades da pessoa". Não sabe é se tiver um mau resultado a 6 de outubro se conseguirá resistir na liderança do partido. "O apego a que tenho ao lugar é nenhum, mas apenas a obrigação pelo serviço público e o respeito pela história do PSD. A minha ambição é servir e na altura se verá".
Mas a entrevista serviu sobretudo a Rui Rio para voltar a explicar o modo como se propõe a fazer o país crescer mais do que o governo socialista se ganhar as eleições e, com isso, fazer descer os impostos. "Vamos reduzir os impostos gradualmente ao longo do mandato para induzir o crescimento", disse. A começar pelo IRC que em 2020 passaria dos atuais 21% para os 19% e, em 2021 para os 17%. Tal como IVA da eletricidade e gás dos 23% para os 6%. Já o IRS será reduzido faseadamente e consoante o crescimento da economia.
"O que está aqui é o que Portugal precisa. Não há outro caminho, não pode ser pôr mais despesa, sobre despesa", frisou. A despesa, vai ser "travada através da otimização dos recursos disponíveis", disse ainda e deu o exemplo do Serviço Nacional de Saúde. "O nível de desorganização dentro dos hospitais é incrível", garantiu, ao mesmo tempo que defendia "auditorias à gestão dos serviços". Ou seja, Rui Rio não vê necessidade de contratar mais funcionários públicos para melhorar os serviços. E também não defenderá o regresso às 40 horas semanais de trabalho. "Confesso que perdemos algumas horas com essa questão".