Poder
29 setembro 2019 às 18h36

Luís Montenegro entra na campanha e está "disponível para o partido"

Luís Montenegro diz que está "concentradíssimo" no que resta da campanha eleitoral, focado numa vitória do PSD. O ex-líder parlamentar (que abriu uma crise com o líder, acabando por ficar de fora das listas) entrou na campanha este domingo, pela mão da cabeça de lista do PSD por Leiria, Margarida Balseiro Lopes.

Paula Sofia Luz

"Estive sempre disponível para o partido. Ontem, agora, e vou continuar a estar amanhã. O PSD é um grande partido e não há nenhum ego que lhe caiba dentro do tamanho enorme que tem".

Foi assim que Luís Montenegro respondeu aos (poucos) jornalistas que este domingo o encontraram na Feira Nacional de Artesanato, em Pombal, onde foi recebido como se fosse o líder do partido: Margarida Balseiro Lopes (cabeça de lista por Leiria) Diogo Mateus (presidente da Câmara), Rui Rocha (presidente da distrital, demissionário desde a constituição das listas) e Pedro Pimpão, o deputado natural de Pombal e que ficou de fora das listas nestas eleições. Lá dentro, nas Tasquinhas, já outro grupo de militantes do PSD esperava por Luís Montenegro, que chegou sozinho, já passava das 14 horas.

O PSD de Leiria escolheu um ninho de vitória para este regresso de Montenegro. Afinal, foi naquele mesmo pavilhão (Expocentro) que já se escreveram várias páginas da história do partido, como a eleição de Luís Marques Mendes para a liderança, ou o mega jantar de Passos Coelho, há quatro anos.

O concelho de Pombal é um daqueles que nunca falha ao PSD no distrito de Leiria, contribuindo para grandes vitórias. Pelo menos não tem falhado. Embora sem o fulgor de outros tempos - a divisão interna atingiu o partido também por ali, onde a maioria não apoiou Rio nas eleições para a liderança, optando então por Santana Lopes - os sociais-democratas mobilizaram-se para receber Luís Montenegro, que almoçou nas tasquinhas e visitou a Feira, sem pressas.

De resto, o antigo líder parlamentar do PSD vem juntar-se a uma lista de outros nomes que têm apoiado Margarida Balseiro Lopes em várias ações no distrito: José Manuel Martins, Salvador Malheiro, Luís Marques Mendes, Teresa Morais, Aguiar Branco, Hugo Soares, sem falar de Pedro Pimpão (que amanhã mesmo é protagonista de um debate com Ribau Esteves e Leitão Amaro), que fez par com Marques Mendes na Vieira de Leiria, esta semana, como o DN noticiou.

Estará Margarida a afrontar a direção do partido? A líder da JSD e cabeça de lista não alimenta essa possibilidade, mesmo quando parece estar a usar uma bolsa de críticos de Rio, nesta campanha. "É para mostrar que temos várias pessoas no partido altamente respeitadas e que neste momento estão disponíveis para dar o seu contributo", justifica, enquanto prefere chamar-lhe "bolsa de grandes personalidades".

Luís Montenegro diz que tem alguns convites para participar em ações de campanha, ao longo da próxima semana. Está a avaliar cada um deles e a combinar com as estruturas distritais. Numa tarde em que Rui Rio fazia campanha no vizinho distrito de Coimbra, Montenegro citou-o para lembrar que "as questões de foro interno não se devem tratar na praça pública muito menos a oito dias das eleições". De resto, afirmou que está "concentradíssimo" em poder dar o seu "humilde contributo para fortalecer o PSD".

"Estou absolutamente consciente do trabalho que ainda temos pela frente esta semana, para uma vitória eleitoral", sublinhou, ele que aparece agora como "simples militante de base", ao fim de uma vida como deputado na Assembleia da República. Tinha apenas 29 anos quando foi eleito a primeira vez. Tem agora 45.

De modo que se mostrou apostado fazer bem esse papel: "aquilo que cada um de nós poder fazer para fortalecer essa marca distintiva que é o PSD deve fazê-lo. E eu cumpro essa minha obrigação mesmo na circunstância apenas de militante de base".

Afinal, o que o levou a entrar na campanha? "O que me traz aqui é o futuro de Portugal. Estamos a oito dias de tomar uma decisão relevantíssima para o nosso futuro, que é escolher os deputados para a Assembleia da República e por via disso escolher também um novo governo. E quatro anos volvidos podemos dizer que o rei vai nu. Por trás de uma pretensa ideia de sucesso que os socialistas, os comunistas e os bloquistas querem dar ao país, nós temos um Portugal a crescer menos do que a grande parte dos países da Europa, onde se pagam impostos como nunca se pagou antes, onde as pessoas esperam por uma consulta ou cirurgia como nunca esperaram antes, mesmo nos tempos da troika; onde faltam funcionários nas escolas, com muitos problemas por resolver".

Montenegro apareceu aos militantes de Pombal e Leiria visivelmente mais magro, dando mostras de que está pronto para qualquer combate, com um discurso assertivo contra o Governo, que anda "feliz da vida a querer dizer às pessoas que vai tudo bem. E vai tudo mal, incluindo dentro do próprio Governo".

Lamentou que a campanha eleitoral esteja "intoxicada com problemas do Governo, primeiro com o problema dentro de um gabinete tão importante como o da Proteção Civil e Administração Interna, e depois a acusação sobre um ex-ministro da Defesa, sem paralelo na nossa história democrática".

Estava assim dado o mote para (também ele) falar de Tancos. Mas Montenegro é cauteloso na resposta, quando se lhe pergunta se deve o PSD acompanhar o CDS no pedido para uma segunda comissão de inquérito. "Nós fomos preponentes de uma comissão de inquérito; o que é lamentável é que a primeira foi desvalorizada politicamente pelos partidos que suportam o governo, e foi adulterada na procura da verdade dos factos. Não me repugna que possam fazer-se outro tipo de escrutínio, nomeadamente uma nova comissão de inquérito", disse.

Mas rematou a questão, dizendo que "não me vou intrometer no diálogo nem no confronto político entre os líderes dos dois grandes partidos, muito menos a oito dias das eleições". "O que me preocupa é que as pessoas olhem para o PSD e o vejam como um farol de esperança para o futuro de Portugal, para dar às pessoas mais bem-estar e mais oportunidades".